A Food and Drug Administration (FDA), agência de medicamentos norte-americana, aprovou na sexta-feira (3) testes clínicos envolvendo a retirada de plasma sanguíneo de pacientes em recuperação do coronavírus. O plasma teria o potencial de diminuir a gravidade ou ao menos encurtar a duração da doença causada pelo vírus.
A FDA anunciou que está trabalhando, em colaboração com o governo, a indústria e a academia para desenvolver e implementar um protocolo de fornecimento desse plasma. A princípio, ele será usado apenas em pacientes em estado crítico. O tratamento envolve a retirada do plasma sanguíneo de um paciente que já teria desenvolvido imunidade à doença. Em seguida, o plasma seria injetado em um paciente doente, para que os anticorpos ataquem o vírus.
Além dos pacientes em estado grave, Arturo Casadevall, especialista em doenças infecciosas da Escola de Saúde Pública Johns Hopkins, propôs o uso de plasma convalescente para impulsionar o sistema imunológico de profissionais de saúde e socorristas. Ele reuniu uma equipe de médicos e cientistas de todo os Estados Unidos para estabelecer uma rede de hospitais e bancos de sangue que podem coletar, isolar e processar plasma sanguíneo dos sobreviventes da covid-19. "A capacidade de realizar um teste de profilaxia nos dirá se o plasma é eficaz na proteção de nossos profissionais de saúde e socorristas da Covid-19 ", disse.
Brasil também libera estudos com plasma
Aqui no Brasil, a Comissão de Ética e Pesquisa (Conep) autorizou o início de testes clínicos com plasma de convalescentes da Covid-19 para o consórcio dos hospitais Albert Einstein Sírio Libanês e a Universidade de São Paulo (USP).
Os estudos clínicos envolvendo o uso do plasma para a nova doença não precisam ser aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), de acordo com informações do próprio órgão, mas devem seguir as regras dos comitês de ética em pesquisa, bem como Conep e do Conselho Federal de Medicina (CFM). Na última sexta-feira (3), a Anvisa publicou uma Nota Técnica que orienta pesquisadores e médicos sobre o uso do plasma.
De acordo com o parecer divulgado pela Sociedade Brasileira de Transplante de Medula Óssea (SBTMO), ainda é preciso aguardar os resultados dos estudos clínicos envolvendo o uso do plasma de pessoas recuperadas da Covid-19, no entanto, "inegavelmente, as evidências nos demonstram que pode ser, sim, um caminho promissor".
Estratégia segura
Segundo pesquisadores da Johns Hopkins, a estratégia de isolar o plasma é uma tecnologia estabelecida há muito tempo e avanços recentes o tornam tão seguro quanto uma transfusão de sangue. A FDA antecipa que o esforço será capaz de mover milhares de unidades de plasma para pacientes que precisam delas nas próximas semanas.
As autoridades de saúde de Nova York esperam recrutar pacientes com Covid-19 de New Rochelle – marco zero para a infecção do estado e área com a maior número de pessoas que se recuperaram – para ver se algum deles estaria disposto a se tornar doador viável. Atualmente, não existem terapias medicamentosas comprovadas ou vacinas eficazes para o tratamento da doença.