A situação da Covid-19 no Brasil é considerada "muito preocupante" pela Organização Mundial da Saúde (OMS), segundo anunciou o diretor-geral da instituição, Tedros Adhanom, nesta segunda-feira (30), durante uma coletiva de imprensa. O sinal de alerta da OMS se refere aos dados agregados e ao aumento significativo no número de mortes entre os dias 2 e 26 de novembro.
Para a OMS, o Brasil deve ser "muito sério" para lidar com a situação. Os casos haviam atingido o pico em julho, e apresentavam queda até o dia 2 de novembro, mas a tendência se reverteu, segundo Tedros.
Ainda, tanto o Brasil quanto outros países da região não conseguiram manter o número de casos baixos, segundo o diretor-executivo da OMS, Michael Ryan. Para ele, é difícil lidar com zonas densamente urbanizadas, como há no país.
Com relação às ações dos governantes, Ryan disse que "todos em condição de influenciar as pessoas devem ter comportamentos adequados", em referência ao uso de máscaras, mas também sobre outras medidas.
Da perspectiva mundial, Tedros destacou um ponto positivo. Segundo ele, houve a primeira queda no número semanal de casos registrados globalmente desde o mês de setembro, que ocorreu na última semana.
Trabalhadores da saúde e vacina
Uma preocupação demonstrada pela OMS durante a coletiva foi com a demanda por trabalhadores de saúde, que estaria aumentando em grande parte dos países, e é algo que não é simples de se aumentar a oferta "rapidamente".
Em nações do "Sul", os sistemas de saúde estariam sobrecarregados por conta da falta de investimento, afirmou Ryan. Os trabalhadores da saúde do Brasil fizeram um trabalho "fantástico" durante primeiro pico da doença, elogiou Ryan, mais uma vez destacando o esforço de pessoas que ficaram sob "muita pressão".
Sobre a vacina, foi ressaltado que a iniciativa Covax, que já conta com 187 países, é a melhor opção para uma distribuição global justa. Ainda estariam faltando US$ 5 bilhões em 2021 para conseguir garantir a entrega dos imunizantes antes do fim de 2021.
"Alguns politizaram a origem do vírus", afirmou Tedros, "mas esta é uma questão técnica, nossa posição é clara, será baseada em ciência", argumentou o diretor, indicando que um grupo de estudos seguirá com as investigações, que são importantes "na prevenção de novas doenças".