Gestantes que receberam a primeira dose da vacina da AstraZeneca precisam esperar o fim do puerpério para tomarem a segunda.| Foto: Bigstock
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Mais de 15 mil grávidas no Brasil receberam, no início de maio, a primeira dose da vacina contra a Covid-19 produzida pela farmacêutica AstraZeneca/Universidade de Oxford/Fiocruz. No dia 11 do mesmo mês, porém, a Anvisa recomendou que a vacinação desse público, com esse imunizante específico, fosse suspensa, após o caso de um evento adverso grave.

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A orientação foi acatada pelo Ministério da Saúde, mas ficou a dúvida: o que as gestantes com a primeira dose aplicada deveriam fazer?

Na noite da quarta-feira (19), a pasta de Saúde emitiu uma nota técnica, a partir do Programa Nacional de Imunizações, que recomendava a elas que esperassem o fim da gestação e do período do puerpério – até 45 dias após o parto – para, então, completar o esquema vacinal com a mesma vacina.

Essa recomendação vale apenas para as gestantes que receberam a primeira dose da vacina da AstraZeneca/Oxford/Fiocruz. Quem foi vacinada com os demais imunizantes disponíveis no país – Pfizer/BioNTech e Coronavac, da Sinovac/Instituto Butantan – devem completar o esquema vacinal normalmente. A vacina da Pfizer/BioNTech será aplicada em um intervalo de 12 semanas, enquanto para a Coronavac o tempo entre as doses é de quatro semanas.

Ainda, o Ministério da Saúde destaca que, neste momento, a vacinação é restrita a gestantes e puérperas que apresentem comorbidades. Para aquelas que pertencem a outros grupos prioritários, como profissionais da saúde ou outros serviços essenciais, a vacinação poderá ocorrer após avaliação individual de risco e benefício, realizada juntamente com o seu médico.

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Atenção aos sintomas

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De acordo com o Ministério da Saúde, as gestantes e puérperas que receberam a primeira dose da AstraZeneca/Oxford/Fiocruz devem ficar atentas a alguns sinais que possam surgir entre quatro a 28 dias após a vacinação. São eles:

  • Falta de ar;
  • Dor no peito;
  • Inchaço na perna;
  • Dor abdominal persistente;
  • Sintomas neurológicos, como dor de cabeça persistente e de forte intensidade, borrada, dificuldade na fala ou sonolência;
  • Pequenas manchas avermelhadas na pele, além do local no qual a vacina foi aplicada.
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No caso de apresentação de algum desses sintomas, deve-se procurar atendimento médico imediato.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]

Impacto no sistema imune

Com o aumento no intervalo entre a primeira e a segunda dose, as gestantes que receberam a primeira aplicação da vacina da AstraZeneca/Oxford/Fiocruz podem passar muito além do tempo previsto nos estudos clínicos sem completar o esquema vacinal.

Pesquisas recentes, que avaliaram intervalos prolongados entre as doses, demonstraram uma melhor resposta do sistema imunológico. E, embora os testes não tenham sido feito entre as gestantes, especialistas não avaliam que a medida possa ser prejudicial para esse público.

"Nós acreditamos que essa medida é por segurança das gestantes, por causa do evento adverso que ocorreu no Rio de Janeiro com uma delas. Mas, pelos históricos com as vacinas, ampliar o intervalo não parece ter problema. Pelo contrário, pode ser que vejamos que a produção de anticorpos seja igual ou até um pouco superior aos que tomaram dentro do prazo", explica Cecília Roteli Martins, presidente da Comissão Nacional Especializada em Vacinas da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).

Outro fator que aumenta a segurança dos especialistas em apoiar a recomendação do Ministério da Saúde, segundo Cecília, são os dados de eficácia do imunizante. "Os estudos demonstram que após a primeira dose da AstraZeneca existe uma produção suficiente de anticorpos para proteger essa mulher até o fim da gestação", explica Cecília, que também é pesquisadora da Faculdade de Medicina da Fundação ABC.

Dados divulgados pela Agência Coreana de Controle e Prevenção de Doenças (KDCA) no início de maio demonstram que a vacina da AstraZeneca/Oxford/Fiocruz teria uma eficácia de 86% após a primeira dose. A recomendação é ampliada às puérperas também, visto que o organismo após a gravidez ainda leva um tempo até normalizar a produção hormonal e voltar a um estado anterior à gestação.

Ainda, sobre receber uma vacina de farmacêutica diferente como segunda dose, a recomendação atual é para que as gestantes e puérperas não façam isso. "Como não temos a inclusão e nem o resultado [de estudos que avaliem as trocas de vacinas entre as doses] em gestantes e puérperas, por enquanto, provisoriamente, o Programa Nacional de Imunizações recomenda que as que foram vacinadas com a AstraZeneca na primeira dose esperem o parto e os 45 dias do puerpério para tomarem a segunda dose da mesma vacina", reforça a pesquisadora.