Amamentar duas crianças ao mesmo tempo pode ser cansativo, mas traz inúmeros benefícios para a família. No Sempre Família já dissemos o quanto o laço entre a mãe e os filhos e, especialmente entre as crianças, pode ser fortalecido.
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Uma questão, porém, ainda persiste entre as mães: é possível amamentar durante a gestação? A resposta é sim, segundo os especialistas. “Essa polêmica existia porque se acreditava que um dos hormônios liberados na amamentação, a ocitocina, poderia levar à contração do útero e a mulher abortar”, explica a pediatra Cristina Alves Cardozo. A médica esclarece, porém, que com o tempo e o avanço dos estudos, chegou-se à conclusão de que a quantidade de hormônio é insuficiente para induzir o aborto.
Daniel Pereira Mandarino, ginecologista e obstetra, Coordenador Médico da Ginecologia e Obstetrícia do GNDI na região Sul, afirma que manter a amamentação durante a gestação é possível se estiver tudo bem. “A chance de isso acontecer (desencadear o trabalho de parto) em uma gestação que está transcorrendo de maneira normal é muito baixa para se contraindicar a amamentação para quem tem bebê pequeno”, destaca.
Fertilidade
O médico diz, ainda, que a fertilidade da mulher pode voltar logo após o parto, e que isso acontece mais rápido para quem não amamenta. Já as que amamentam exclusivamente, ele ressalta, podem ter mais dificuldade em engravidar logo após o nascimento do bebê porque a amamentação provoca uma restrição de liberação hormonal.
“A partir da introdução alimentar do bebê, muitas vezes o ciclo menstrual retorna e, consequentemente, a fertilidade”, diz o obstetra. O recomendado, porém, para minimizar os riscos para uma próxima gestação, de acordo com ele, é ter um intervalo de pelo menos um ano e meio entre dois partos. Isso quer dizer que o mais seguro é a mãe engravidar somente após o nono mês de vida da criança fruto da última gestação.
Desmame gentil
O desmame natural é o que acontece com muitas mulheres. No caso da empresária Carolina Ribeiro a segunda gestação veio quando o filho dela tinha 1 ano e meio, mas ela ainda amamentava. Logo veio o receio. “Minha mãe foi a primeira a me dizer que precisava parar de amamentar imediatamente”, conta ela. Só depois da consulta com o médico ela ficou tranquila, mas logo o filho quis parar de mamar.
Isso é bastante comum, de acordo com a pediatra Cristina Cardozo. “O leite muda de sabor, então pode acontecer de o outro filho não querer mais, mas é opção da mãe”, orienta. Isso porque a mudança de sabor é transitória. Assim que passa a fase mais intensa de produção hormonal, nos primeiros meses da gravidez, o leite volta a ter o saber normal.
A médica também alerta para uma hipersensibilidade dos mamilos que pode ocorrer no início da gestação. “Às vezes a mãe acha que a criança está mamando com mais força ou está machucando, mas não é. É da gravidez mesmo”, diz.
Outro detalhe importante que a médica ressalta é a possibilidade de a mãe ficar um pouco mais cansada, já que os três primeiros meses são os que mais a mãe sente sono. “A amamentação é cansativa, então se a mãe cansa e fica estressada a criança percebe isso. O importante é conversar e fazer um desmame gentil ou insistir para a criança continuar mamando que logo o organismo se adapta”, conclui.