A pandemia do novo coronavírus não só trouxe mudanças de comportamento, como o isolamento social, mas também diversas novas preocupações. Uma delas é com relação aos parentes mais velhos que, por questões diversas, estão passando a quarentena em instituições de longa permanência para idosos (ILPI).
Casos como o da instituição Nossa Senhora da Luz, em Passo Fundo (RS), assustam as famílias. Em 25 de abril, o local confirmou que 18 idosos haviam testado positivo para o novo coronavírus, conforme noticiou o G1. Três haviam sido internados, e os demais permaneceram isolados na instituição.
Santa Catarina também registra casos da Covid-19 entre os idosos em ILPIs. No início de abril, duas mortes haviam sido contabilizadas. Casos semelhantes já haviam sido alertados por outros países, como Espanha e Estados Unidos, que pediam pela "blindagem" dos idosos que moravam em locais de longa permanência.
Escolha da família
De acordo com Maisa Kairalla, médica geriatra e presidente da comissão de imunização da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), poucos idosos no país encontram-se em instituições de longa permanência. Dados do IBGE apontam que, ao todo, são 28 milhões de pessoas e, desses, 70% são totalmente dependentes ou semi-independentes de profissionais de saúde, como os acamados ou que fazem uso de sondas, por exemplo.
Essa é uma questão que deve ser levada em consideração entre as famílias cujos parentes estão nesses locais, segundo a médica. "Quem está no lar, é porque não tem casa para ficar, ou as condições clínicas não permitem", avalia Kairalla. Caso a retirada de idoso do lar seja a escolha feita pela família, a especialista recomenda que se certifiquem de que possam atendê-lo de maneira correta. "Se tem respaldo em casa e se sente mais seguro, e se tem estrutura para realocar essa pessoa. É uma decisão pessoal".
Isso não significa que os lares sejam os locais mais seguros nesse momento. Embora estejam atentos às medidas de proteção contra a Covid-19, ainda existe uma grande circulação de pessoas. "Como há essa circulação de profissionais, é recomendado que fique em casa porque tem um isolamento melhor", argumenta Geraldine Guimarães, médica geriatra do Hospital VITA, em Curitiba. "Se a família tiver condições, é mais seguro levar para casa", completa a médica.
Cuidados nas instituições
Para ajudar na decisão, as especialistas apontam quais medidas de prevenção devem ser observadas nas instituições. "Todas as instituições foram orientadas a não terem visitas, a se manterem isoladas. A qualquer sintoma suspeito em um idoso, todos devem ser testados. Deve haver uma comunicação com a família, por videochamada, e não pode haver o distanciamento com o idoso. E higiene total, além do preparo da equipe", explica a geriatra Maisa Kairalla.
Em março deste ano, a SBGG divulgou em seu site recomendações específicas para a prevenção da Covid-19 para os lares de longa permanência. As medidas incluem, além da suspensão de visitas, a utilização de álcool em gel antes e depois do contato com os pacientes, manter o ambiente arejado sem ar-condicionado e a suspensão de atividades em grupo, entre diversas outras. No movimento contrário, para quem já conta com alguém sob os cuidados em casa, não é recomendado o deslocamento para um lar.