Se você percebe que seu filho está sempre com a boca aberta, tem dificuldade para respirar e se alimentar, apresenta inflamações de repetição na garganta, crises de rinite alérgica e costuma ter o sono agitado, é bem provável que ele esteja enfrentando a síndrome do respirador bucal – uma questão mais “simples” de resolver durante a infância.
Siga o Sempre Família no Instagram!
“Aos 6 anos de idade, 70% do osso da mandíbula já está formado. Por isso, quanto antes essa condição for descoberta, melhor é para tratar”, garante a odontopediatra Stella Faria Dumke, ouvida pelo Sempre Família. Segundo ela, respirar pela boca causa uma série de alterações estruturais na formação da face e do crânio, além de problemas posturais e até sociais.
“Esse desequilíbrio compromete funções importantes como a mastigação e a deglutição. Pode causar, também, demora no crescimento esquelético, baixa no apetite, dores de cabeça, déficit de atenção na escola (porque a criança não descansa enquanto dorme), atraso na fala, apinhamento dentário e mesmo quadros de bruxismo”, alerta.
A especialista afirma, ainda, que quem respira pela boca apresenta características inconfundíveis. “Lábios entreabertos e ressecados, língua no assoalho da cavidade oral, narinas estreitas, palato oval ou inclinado, bochechas hipotônicas, ombros caídos, cabeça mais para trás, coluna envergada, desenvolvimento craniofacial desarmônico, face alongada e maxila mais fechada”, diz.
Caso real
Foi desde que os primeiros dentinhos apareceram que o empresário curitibano Sérgio Rufino do Nascimento e a esposa perceberam que tinha algo acontecendo com o filho Matheus, hoje com 10 anos. “Ele tinha muita dificuldade respiratória. Chegou a fazer cirurgia para remoção das amígdalas, adenoide e teve uma resposta positiva no começo. Só que depois voltou a ficar ruim”, relata.
O pai conta que o menino salivava bastante, passava o dia indisposto e tinha que “escolher entre comer e respirar”. Em tratamento há mais de um ano, no entanto, Matheus tem bons resultados. “O tratamento dele foi associado ao uso de um aparelho ortodôntico móvel e duas medicações para ajudar. Ele está bem melhor agora”, avalia.
Tratamento
Para Stella Dumke, o ideal é monitorar a criança desde a gestação, a fim de identificar qualquer alteração odontológica, ortodôntica ou ortopédica e corrigi-la o quanto antes.
Já sobre à forma de lidar com a síndrome do respirador bucal, ela esclarece que o tratamento é relativamente simples – quando iniciado no momento certo – e envolve ortodontia facial e otorrinolaringologia. “Outros especialistas podem ser acionados, como alergologista, neurologista, fisioterapeuta e fonoaudiólogo, dependendo do caso”, pondera.
Via de regra, o procedimento escolhido consiste na utilização de um protótipo de silicone que trabalha os músculos da face e que pode ser usado por crianças a partir dos 3 anos. “O paciente passa por um programa em que usa o aparelho por uma hora durante o dia e para dormir”, descreve.
Pelo que explica a odontopediatra, o dispositivo ajuda a manter a respiração pelo nariz e “segura” a língua na posição correta. “Com isso, vamos conquistando espaço. Se o músculo está no lugar, se tem espaço para o esqueleto se desenvolver, tudo vai acontecer da forma certa”, assegura Stella.