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Com a natural demora no desenvolvimento de vacinas que venham a prevenir a infecção pelo novo coronavírus, um dos focos dos pesquisadores – e das autoridades políticas – tem sido os medicamentos.

O anúncio mais recente foi feito nesta quinta-feira (19), pelo presidente norte-americano Donald Trump, pedindo pressa à FDA, agência reguladora de medicamentos e alimentos dos Estados Unidos, pela aprovação da hidroxicloroquina para ser indicada a pacientes com o diagnóstico da Covid-19.

Esse medicamento, embora seja usado desde a década de 1930 no tratamento da malária e de doenças reumáticas, ainda não tem a aprovação para ser utilizada contra outras doenças.

Ainda nesta semana, autoridades de Saúde da China anunciaram que um medicamento usado contra a influenza no Japão teria tido resultados positivos entre os pacientes com o novo coronavírus também. Leia mais sobre essa descoberta aqui.

Funciona?

Uma revisão sistemática de estudos, publicada no início da semana anterior pelo Journal of Critical Care, parte da editora científica Elsevier, sugeriu que a hidroxicloroquina teria, potencialmente, uma ação contra os sintomas do novo coronavírus.

Os pesquisadores listaram, no levantamento, 23 estudos clínicos em desenvolvimento na China testando o medicamento em pacientes. Aparentemente, a hidroxicloroquina seria eficaz em limitar a replicação do vírus, in vitro.

"Existem evidências pré-clínicas da efetividade e da segurança devido a um longo tempo de uso clínico para outras indicações que justificam a pesquisa clínica com a cloroquina em pacientes com Covid-19. No entanto, o uso clínico deve aderir seja ao método MEURI (Monitored Emergency Use of Unregistered Interventions - Uso de Intervenções sem Registro Monitoradas Emergencialmente, em tradução livre) ou ter a aprovação ética, conforme indicado pela OMS", apontam os pesquisadores no artigo publicado.

Um dos estudos envolvendo a substância foi realizado por uma equipe da China, que apresentou resultados positivos. No entanto, in vitro, e não em pessoas.

Da mesma forma, vale lembrar que no ensaio clínico europeu liderado pelo Inserm (Instituto Nacional de Saúde e da Pesquisa Médica), que acaba de ser lançado envolvendo 3,2 mil pacientes hospitalizados e em estado grave, essa substância não está na listagem dos quatro medicamentos estudados, conforme alerta o site Medscape.

Ainda segundo o site, que é voltado à comunidade médica e científica, a hidroxicloroquina não foi incluída no rol de tratamentos a serem testados devido ao risco de interações com outros medicamentos, especialmente entre pacientes com outras comorbidades. Os pesquisadores também consideraram possíveis efeitos colaterais entre pessoas em tratamento intensivo.

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Resultados melhores

Outro estudo, desenvolvido na França, apresentou resultados melhores - e em pessoas. No entanto, os dados não foram publicados ainda e, assim, não foram debatidos entre outros médicos ou pesquisadores e devem ser vistos com cautela.

Seis dias após a administração da hidroxicloroquina, o percentual de pessoas com a Covid-19 reduziu a 25%, em comparação aos 90% das pessoas que não receberam a medicação, mas também tinham a doença.

Dos 25 pacientes com a Covid-19 que participaram do estudo, cinco tinham entre 12 e 17 anos; 10 entre 18 e 64 anos e 10 com 65 anos ou mais.

Como é no Brasil?

Assim como em outros países, no Brasil, a versão genérica, o sulfato de hidroxicloroquina, tem a aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para o uso em pacientes com doenças reumáticas, mas não contra a Covid-19.

Para tanto, seria necessária uma aprovação específica - o que depende de resultados positivos em estudos clínicos. Assim, quem tiver sintomas da Covid-19 não deve fazer uso da medicação antes que ela tenha a liberação da Anvisa. Isso porque ainda não se sabe em quais casos ela pode ser indicada, e trará benefícios, e em quais casos pode prejudicar de alguma forma o paciente.

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