
Autoridades de saúde do Reino Unido alertaram que pessoas com histórico de reações alérgicas graves a medicamentos, alimentos ou vacinas não devem tomar a vacina contra Covid-19 da Pfizer/BioNTech, que começou a ser distribuída na terça-feira (8) no país.
A recomendação veio após dois profissionais de saúde terem tido sintomas de alergia após receberem a vacina nesta quarta-feira. Os dois foram tratados e já se recuperaram.
Segundo a imprensa britânica, os dois profissionais de saúde têm histórico de alergias graves e por isso precisam levar sempre consigo um injetor de epinefrina por precaução. Acredita-se que eles tiveram uma reação anafilactóide (mais leve do que uma reação anafilática) que em geral causa erupções cutâneas, falta de ar e às vezes queda de pressão, segundo noticiou a BBC.
Na terça-feira, milhares de pessoas foram inoculadas com a vacina da Pfizer em hospitais do Reino Unido, no primeiro dia de vacinação em massa contra a Covid-19 no país.
A Pfizer UK disse em nota que foi informada sobre os casos e está ajudando a investigar as causas das reações. "Como medida de precaução, o MHRA [agência reguladora de medicamentos do Reino Unido] emitiu uma recomendação temporária ao Serviço Nacional de Saúde enquanto conduz uma investigação com o objetivo de compreender totalmente cada caso e suas causas. A Pfizer e a BioNTech estão apoiando o MHRA na investigação", diz a nota.
"No fundamental ensaio clínico de fase 3, esta vacina foi de maneira geral bem tolerada, sem problemas sérios de segurança relatados pelo Comitê de Monitoramento de Dados independente. O ensaio envolveu mais de 44 mil participantes até o momento, mais de 42 mil dos quais já receberam uma segunda dose da vacina", completou o comunicado.
"Assim como acontece com todos os alimentos e medicamentos, existe uma possibilidade muito pequena de reação alérgica a qualquer vacina", explicou Peter Openshaw, ex-presidente da Sociedade Britânica para Imunologia e professor de medicina experimental no Imperial College London.
"No entanto, é importante colocar esse risco em perspectiva. A ocorrência de qualquer reação alérgica foi um dos fatores monitorados na fase 3 do ensaio clínico desta vacina na Pfizer/BioNTech, [Nos dados detalhados divulgados ontem], eles relataram um número muito pequeno de reações alérgicas tanto no grupo da vacina quanto no do placebo (0,63% e 0,51%)", detalhou Openshaw em comentário ao Science Media Centre.
A bula da vacina informa que o produto não deve ser usado em quem tem alergia à substância ativa ou a qualquer dos ingredientes listados do imunizante. Os ensaios clínicos excluíram participantes com histórico de reação adversa severa associada a uma vacina ou reações alérgicas severas (como anafilaxia) a qualquer componente do produto.
"Com o início da vacinação, esse é um lembrete de que é importante seguir estritamente as condições do rótulo do produto. Nesse caso, é compreensível que indivíduos tenham pouco conhecimento da sua potencial suscetibilidade alérgica aos ingredientes de uma nova vacina, mas o princípio da precaução deve ser aplicado", ressaltou Andrew Garrett, vice-presidente de Operações Científicas da farmacêutica irlandesa Icon, lembrando que o perfil de segurança dessa nova vacina será atualizado e refinado à medida que mais dados dos testes clínicos e da prática clínica sejam disponibilizados.