Entre os sintomas da síndrome do intestino irritável, estão a produção exagerada de gases e a sensação de evacuação incompleta.| Foto: Bigstock
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Cada vez mais se consolida o entendimento de que há uma relação bastante estreita entre o cérebro e o intestino. A síndrome do intestino irritável é um dos maiores exemplos: uma condição que afeta a funcionalidade do órgão, sem qualquer alteração morfológica, e que, ao que tudo indica, está relacionada ao diagnóstico de depressão, ansiedade ou de outros transtornos da saúde mental. As informações são da Agência Einstein.

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Um estudo publicado no fim de 2021 no periódico científico Nature Genetics analisou os dados genômicos de 53,4 mil pessoas com essa síndrome e de 433,2 mil indivíduos sem o diagnóstico, e descobriu seis genes que aumentam a suscetibilidade à doença, dos quais quatro também estão associados a transtornos de humor e ansiedade. Outro ponto em comum é a ação da serotonina, hormônio responsável tanto pela sensação de bem-estar quanto por parte importante da regulação da movimentação do intestino.

“Há algumas situações em que você vê a depressão [no paciente] e depois vê a síndrome do intestino irritável. Algumas pessoas não se preocupam tanto com os transtornos psicológicos, mas procuram o médico quando há os sintomas intestinais e, então, se deparam com os problemas emocionais”, relata Carlos Walter Sobrado, membro titular e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Coloproctologia e professor do departamento de Gastroenterologia da Faculdade de Medicina da USP.

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Diagnóstico e tratamento

Entre os sintomas associados à síndrome do intestino irritável – que é mais comum em mulheres de 30 e 50 anos – estão o desconforto e a dor abdominal, cólicas frequentes, produção exagerada de gases, alternância na frequência evacuatória (períodos de diarreia seguidos de prisão de ventre), inchaço na barriga, alteração no aspecto das fezes e a sensação de evacuação incompleta.

“Não há nenhuma alteração anatômica ou morfológica. É a função que não está indo bem. O cérebro se comunica com o intestino o tempo todo, e de uma forma muito harmoniosa. Mas, em algumas circunstâncias, essa conexão falha”, explica Joaquim Prado Pinto de Moraes Filho, diretor da Federação Brasileira de Gastroenterologia, que também é professor associado de Gastroenterologia da Faculdade de Medicina da USP.

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Para confirmar o diagnóstico da síndrome, os pacientes devem relatar os sintomas por pelo menos 12 semanas consecutivas. “Às vezes a pessoa come alguma coisa diferente, ou está em uma semana mais estressante, e o intestino fica desregulado, mas depois volta ao normal. Então, não é intestino irritável”, explica Sobrado, que aponta ainda a importância de confirmar se não se trata de intolerância à lactose ou ao glúten.

Caso a pessoa apresente os sintomas e tenha lesões na estrutura do órgão, o diagnóstico muda. “Se houver alteração estrutural, pode ser a doença diverticular, neoplasia ou tumor do intestino, retocolite ou doença de Crohn. Precisamos afastar essas doenças para dizer que se trata da síndrome do intestino irritável”, reforça o especialista.

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Uma vez diagnosticada a síndrome, não é o caso de falar em cura, mas em controle da condição com medicamentos, que atuam nos sintomas mais agudos, e sobretudo com mudanças na alimentação, inclusão de exercícios físicos e melhora no manejo do estresse. “É fundamental ter um acompanhamento multidisciplinar do paciente com a síndrome. Apesar das orientações e dos medicamentos, o paciente também se beneficia do cuidado psicológico e nutricional”, explica Sobrado.