Israel, Chile, Uruguai e Estados Unidos começam uma nova rodada de vacinação da Covid-19, focando em grupos mais vulneráveis. O objetivo é conter o avanço e o agravamento da doença, especialmente com a disseminação da variante Delta, considerada mais transmissível.
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Israel, por exemplo, priorizou a terceira dose em idosos. Isso porque o sistema imunológico da população idosa não tem a mesma agilidade da proteção dos adultos, reduzindo, inclusive, a eficácia das vacinas que eles recebem. Em ambientes de alta transmissão do coronavírus, o risco de desenvolvimento da Covid-19 aumenta.
No caso do Uruguai e Chile, a orientação muda. O Uruguai oferece a vacina desenvolvida pela Pfizer/BioNTech a todos que receberam as primeiras doses da Coronavac, produzida pelo laboratório chinês Sinovac. O Chile segue a mesma linha, reforçando a vacinação da população que recebeu a Coronavac. No caso chileno, aqueles com mais de 55 anos vão receber uma dose de reforço do imunizante da AstraZeneca/Universidade de Oxford. Indivíduos mais novos receberão, posteriormente, a vacina da Pfizer/BioNTech.
Na quarta-feira (11), dois estudos clínicos conduzidos na China concluíram que a aplicação de uma terceira dose da Coronavac, em pessoas de 18 a 59 anos, aumenta de três a cinco vezes a produção dos anticorpos neutralizantes, capazes de impedir a entrada do coronavírus nas células humanas. Acima dos 60 anos de idade, a terceira dose pode elevar em até sete vezes o número de anticorpos. Os estudos foram compartilhados na plataforma MedRXiv, e não passaram pela revisão de outros pesquisadores. O primeiro pode ser visto aqui, e o segundo aqui.
Terceira dose para os imunocomprometidos
Nos Estados Unidos, o foco será reforçar a imunidade de um grupo de pessoas mais vulneráveis à Covid-19, os imunocomprometidos. No início de agosto, a agência regulatória FDA autorizou a administração da terceira dose. Na sequência, o Centro para Controle de Doenças (CDC) divulgou a recomendação de que a terceira aplicação fosse das vacinas do tipo RNAm (como a Pfizer/BioNTech e Moderna) neste grupo de pessoas, que receberam as duas primeiras doses dos imunizantes Pfizer/BioNTech ou Moderna.
Em um comunicado, o CDC destaca que há dados que sugerem que as pessoas com sistemas imunológicos que sejam entre moderado a severamente comprometidos, nem sempre criam o mesmo nível de proteção imunológica que as pessoas que não são imunocomprometidas.
"Além disso, em um estudo pequeno, as pessoas imunocomprometidas completamente vacinadas representam uma grande porção dos casos hospitalizados de infecção após as vacinas (40-44%). Pessoas imunocomprometidas, que são infectadas com o SARS-CoV-2, estão em mais risco para transmitir o vírus a pessoas com as quais dividem a residência", destaca o comunicado.
Ainda de acordo com o órgão, não há recomendação de doses adicionais ou de reforço para nenhum outro grupo populacional neste momento. Pessoas imunocomprometidas que receberam a vacina da Janssen, de dose única, também não estão contempladas na decisão.
"Ainda não há dados suficientes, neste momento, que determinem se as pessoas imunocomprometidas que receberam a vacina contra a Covid-19 da Johnson & Johnson Janssen tiveram também uma resposta dos anticorpos aprimorada após uma dose adicional da mesma vacina", argumenta o órgão.
Quem são os imunocomprometidos?
Fazem parte do grupo de pessoas imunocomprometidas e que poderão receber a terceira dose das vacinas de tipo RNAm, nos Estados Unidos, de acordo com o CDC:
- Pessoas que passam atualmente por tratamento oncológico para tumores ou cânceres do sangue;
- Pacientes que passaram por transplantes de órgãos, e fazem uso de medicamentos que interferem no sistema imunológico;
- Pessoas que receberam transplante de células-tronco nos últimos dois anos ou fazem uso de medicamentos que interferem no sistema imunológico;
- Imunodeficiências primárias moderadas a severas (como a síndrome DiGeorge e a síndrome de Wiskott-Aldrich);
- Infecções por HIV avançadas ou que não passam por tratamento;
- Pessoas em tratamento ativo com altas doses de corticosteroides ou outros medicamentos que interferem com o sistema imunológico.
E no Brasil?
O Brasil ainda aguarda os resultados de estudos que comprovem a necessidade da aplicação da terceira dose. Três testes já estão sendo conduzidos no país.
Em junho e julho, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) concedeu autorização para o início de dois estudos clínicos que analisam os efeitos, a segurança e os benefícios da dose de reforço. Serão avaliadas as vacinas das farmacêuticas Pfizer/BioNTech e da AstraZeneca/Universidade de Oxford/Fiocruz.
Ainda em julho, o Ministério da Saúde anunciou um estudo clínico que avaliará a necessidade da terceira dose em pessoas que receberam as duas aplicações da Coronavac, do laboratório chinês Sinovac e Instituto Butantan. Cerca de 1,2 mil participantes serão divididos em quatro grupos e receberão, como terceira dose, as vacinas:
- Coronavac, da Sinovac/Butantan;
- Janssen;
- AstraZeneca/Oxford;
- Pfizer/BioNTech.
O objetivo dos estudos é produzir os dados que ainda faltam para que, então, as estratégias de vacinação sejam adaptadas. De acordo com o Ministério da Saúde, a nova rodada de vacinação poderá ser feita no fim de 2021, caso se mostre necessária.