O brasileiro ama ter a pele bronzeada, mas ganhar uns tons a mais a qualquer custo pode ter efeitos maléficos no futuro. O alerta serve ainda para quem confunde férias e relaxamento com desleixo ao que manda a prudência quando o assunto é o sol.
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“A exposição solar crônica está relacionada a 90% dos casos de câncer de pele”, diz Elimar Gomes, coordenador nacional do Dezembro Laranja, campanha do câncer de pele da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). Confira algumas informações dele sobre o câncer de pele e amplie sua proteção:
Quais são ainda os obstáculos para a prevenção ao câncer de pele pelo sol no Brasil?
O brasileiro gosta de se expor ao sol e de ter a pele bronzeada. Por outro lado, pesquisas indicam que ele desconhece a gravidade do câncer de pele, apesar de saber que a sua principal causa é a radiação ultravioleta do sol. Além disso, pelo seu custo, o protetor solar não é uma prioridade de compra. De qualquer forma, é importante ressaltar que é possível se proteger da radiação solar permanecendo na sombra, evitando exposição das 9 às 15 horas, usando roupas, chapéu, guarda-sol, barracas e óculos.
Há algum método efetivo de acompanhar a evolução de pintas e manchas em casa?
O autoexame ‘ABCDE’ é indicado para reconhecer casos de melanoma. Ele leva em consideração a Assimetria, Bordas, Cores, Diâmetro e Evolução da pinta. É importante observar a própria pele constantemente, e procurar imediatamente um dermatologista caso detecte qualquer lesão suspeita.
Feridas que não cicatrizam podem ser câncer?
Alguns casos da doença estão associados a feridas crônicas e cicatrizes na pele. No caso do carcinoma espinocelular, a aparência é uma coloração avermelhada que se apresenta na forma de machucados ou feridas espessas e descamativas, que não cicatrizam e sangram ocasionalmente. Se a ferida não cicatriza em 4 semanas, o paciente precisa se consultar com um dermatologista para o diagnóstico correto.
Quais hábitos do tempo de nossos avós eram comuns e hoje são reprováveis?
Curiosamente, no início do século passado ia-se à praia com vestimentas de banho que cobriam boa parte do corpo e quase sempre se usava chapéu, até mesmo em outras atividades sociais ao ar livre. Assim, as pessoas se protegiam. Foi na segunda metade do século passado que as roupas de banho diminuíram, a busca pelo bronzeado perfeito cresceu e a exposição solar e queimaduras solares aumentaram, refletindo-se no aumento dos casos de câncer de pele.
Hoje ainda há hábitos ruins de pais com seus filhos que causam malefícios à pele?
Independentemente da idade, todos os indivíduos devem evitar a exposição solar exagerada e desprotegida ao sol. Especificamente em relação ao filtro solar, ele não deve ser usado por crianças menores de 6 meses, que podem usar chapéus, bonés ou ficando na sombra. A partir dessa idade, os protetores solares, principalmente aqueles destinados a cada faixa etária, já podem e devem ser utilizados.
Queimar a pele pode predispor ao câncer?
Pessoas de pele clara que se queimam com facilidade ao se expor ao sol tem maior risco de desenvolver a doença, mas ela também pode manifestar-se em indivíduos negros ou asiáticos. É possível curtir o sol sem se queimar e, assim, diminuir o risco de surgimento de manchas, rugas, pele seca ou câncer de pele. 70% ou mais da radiação solar que recebemos durante a vida é adquirida no dia a dia. Somente 30% da radiação é obtida nos momentos de lazer. O primeiro sinal do exagero da exposição ao sol é a sensação de aumento de temperatura da pele e, o segundo, a vermelhidão. O ideal é evitar totalmente isso e é muito importante reforçar que, quanto mais clara a pele, maior o risco de queimaduras e do câncer de pele.
Em quais áreas as pessoas costumam achar que surge o câncer de pele e onde ele realmente pode aparecer?
É comum achar que o câncer de pele só surge em áreas expostas ao sol, como face, orelhas, pescoço, ombros, costas, lábios, pernas e tronco. Porém o câncer de pele pode acontecer em qualquer região, tais como palmas, plantas e unhas, no couro cabeludo e, até mesmo, nas regiões mais escondidas do corpo. Ele pode surgir tanto em áreas expostas quanto em áreas não expostas, sendo menos comum.
Muita gente acredita que o cabelo protege o couro cabeludo da exposição solar. Isso é real? Qual o jeito certo de prevenir queimaduras ali?
O cabelo muito denso e escuro realmente consegue dar certa proteção, mas não o suficiente. O ideal é usar chapéu e bonés, evitar exposição ao sol entre os períodos de maior radiação e permanecer na sombra sempre que possível.
Há componentes obrigatórios que devem ser observados na escolha de um protetor?
É indispensável que o protetor solar seja de FPS 30 ou maior, além de fazer uso diário do produto. Protetores solares com fatores de proteção mais altos são significativamente mais eficientes na proteção contra os raios solares. Porém, os protetores solares estão em constante evolução.
Os conceitos mais novos são a personalização e a multifuncionalidade. Por exemplo, um protetor solar para pele oleosa deve ter uma textura mais fluida, livre de óleos e conter substâncias que ajudem a controlar o brilho e a oleosidade excessiva, como efeito mate, toque seco ou sílicas antibrilho. Esses conceitos podem ser expandidos para protetores que atuem no tratamento da acne ou do melasma, auxiliem nos cuidados de pele sensível ou otimizem a hidratação de acordo com as necessidades de cada indivíduo.
Qual o erro mais comum das pessoas hoje ao passarem protetor solar?
É necessário aplicar 2g/cm2 do protetor solar na superfície da pele para atingir a proteção solar descrita na embalagem do produto. A primeira aplicação do produto é fundamental e deve ser feita com maior atenção e cuidado, pelo menos 15 minutos antes da exposição solar, de preferência sem roupa ou com pouca roupa. Recomenda-se a reaplicação dos fotoprotetores a cada 2 horas ou após suar, tomar banho de piscina ou mar. A quantidade a ser aplicada deve ser observada, recomendando uma das duas alternativas: aplicação em duas camadas: a primeira aplicação da forma que o usuário está habituado e uma imediata reaplicação; ou, utilizando a regra da colher de chá: uma colher de chá pra cobrir rosto, cabeça e pescoço, uma para cada braço, duas para o tronco e duas pra cada perna.
Câncer da pele
Provocado pelo crescimento anormal das células que compõem a pele, são os mais comuns o carcinoma basocelular e carcinoma espinocelular – chamados de câncer não melanoma – e que apresentam altos percentuais de cura se diagnosticados e tratados precocemente. Um terceiro tipo, o melanoma, apesar de não ser o mais incidente, é o mais agressivo e potencialmente letal. Quando descoberta no início, a doença tem mais de 90% de chance de cura. Saiba mais sobre os tipos mais comuns:
- Carcinoma basocelular: o mais frequente na população, corresponde a 70% dos casos. Manifesta-se por lesões elevadas peroladas, brilhantes ou escurecidas que crescem lentamente e sangram com facilidade.
- Carcinoma espinocelular: é o segundo tipo de câncer de pele de maior incidência no ser humano. Ele equivale a mais ou menos 20% dos casos da doença. É caracterizado por lesões verrucosas ou feridas que não cicatrizam depois de seis semanas. Geralmente causam dor e sangramentos.
- Câncer de pele melanoma: apesar de corresponder apenas cerca de 10% dos casos, é o mais grave, pois pode provocar metástase rapidamente – espalhamento do tumor para outros órgãos do corpo humano – e levar à morte. É conhecido por pintas ou manchas escuras que crescem e mudam de cor e formato rápido. As lesões também podem vir acompanhadas de sangramento.