| Foto: Alexandra Andersson/Unsplash
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Quantas vezes você seguiu a dieta de um colega, artista ou aquelas publicadas em sites e revistas e não deu certo? E então foi trocando o plano alimentar até encontrar um que apresentasse melhores resultados.

Com essa experiência, talvez já tenha percebido que uma dieta não funciona igual para todas as pessoas — caso contrário, não teríamos tantas variações. Mas você sabe por que isso ocorre? É por uma questão simples chamada individualidade bioquímica.

Cada ser humano tem uma resposta diferente para cada nutriente que ingere e isso depende da constituição do organismo, que é influenciada por fatores genéticos e ambientais ou de comportamento. Tudo o que comemos ao longo da vida interfere na formação de enzimas que processam os alimentos.

Mariela Silveira, especialista em nutrologia, explica que algumas medidas de saúde pública são baseadas na maior parte da população. Por exemplo: é comprovado que comer cinco ou sete porções de frutas e verduras diariamente ajuda a prevenir muitos tipos de doenças.

“Existem medidas gerais que ajudam a maior parte da população, mas muitas peculiaridades se observam mesmo com detalhada avaliação clínica e só sabemos se tivermos a oportunidade de acessar o DNA da pessoa”, diz a médica, que é diretora do Kurotel, em Gramado, no Rio Grande do Sul.

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Genética e alimentação

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Segundo a especialista, as “dietas da moda” funcionam apenas para um grupo de pessoas. Uma alimentação rica em proteína, a cetogênica, por exemplo, é boa para quem consegue metabolizar rapidamente esse nutriente. Quem tem alguma alteração genética que reduz essa metabolização terá dificuldade para perder peso com um plano alimentar desse tipo.

“Com o conhecimento do DNA, consigo adequar a alimentação de forma muito mais personalizada. Muitas pessoas chegam com sobrepeso e a medida tradicional é diminuir a ingestão de gordura, mas se essa pessoa tem ótima metabolização, o que precisa dar para ela são lipídios de boa qualidade e diminuir carboidrato”, explica Mariela.

O teste genético adequado permite, segundo a médica, ver a porcentagem ideal de proteína e lipídio que uma pessoa pode consumir, analisar intolerância a glúten ou lactose, quantidade de nutrientes necessários e até indicar o melhor tipo de exercício físico para cada um.

Os sequenciamentos genéticos são bem amplos e podem ser feitos, por exemplo, para identificar alterações que podem causar alguma doença ou, neste caso, para adaptar a dieta à pessoa. No Brasil, somente médicos podem solicitar o exame, que custa de R$ 1 mil a R$ 3 mil e já é feito em diversos laboratórios. “Ainda é um exame caro, o preço varia de um laboratório para outro e do número de genes analisados, mas vão ficar mais baratos”, afirma a diretora médica do Kurotel.

Metabolismo e dietas

O gasto calórico, também conhecido por taxa metabólica ou metabolismo, é outro aspecto individual que influencia no processamento dos alimentos pelo organismo. Os homens tendem a ter um nível mais elevado do que as mulheres, o que os leva a queimar calorias e perder peso mais rápido do que elas.

“O principal determinante da taxa metabólica é a quantidade de massa magra, composta por ossos, vísceras, mas principal por músculos. O homem tem musculatura mais desenvolvida do que a mulher por conta da produção de testosterona”, explica o endocrinologista Marcio Mancini, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo (SBEM-SP). Uma vez que a queima de gordura ocorre na fibra muscular, o público masculino se beneficia mais na perda de peso.

Outro ponto que o médico observa é que, pela ausência de estrogênio, o homem acumula gordura nas regiões do tronco e abdome quando engorda. E são nesses locais que o processo de formação e remoção das células gordurosas é mais acelerado. Nas mulheres, a gordura se concentra no quadril, glúteos e coxas, ficando mais “parada”.

Conhecer sua taxa metabólica ajuda tanto você quanto o profissional da saúde a elaborar a dieta mais adequada. Esse gasto calórico é medido por meio de um exame chamado calorimetria basal indireta, que mede, por meio da respiração, as calorias gastas. Pode ser feito em repouso ou junto com um teste ergométrico.

Diante de todos esses fatores, Mancini afirma que, segundo estudos, o que conta mesmo na hora de aderir a uma dieta é o número de calorias ingeridas, não importando se vêm de carboidrato, proteína ou gordura — desde que sejam provenientes de fontes saudáveis. Em níveis padrões, mas que varia de acordo com as características e objetivos de cada pessoa, o consumo de calorias fica entre 1.200 e 1.500 para mulheres, e de 1.500 a 1.800 para homens.

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