Dores de cabeça e estresse no fim do dia podem ser reflexos, também, dos barulhos externos.| Foto: Artem Kovalev/Unsplash
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Da mesma forma que passar tempo demais em frente às telas gera um cansaço no olhar, estar exposto a ruídos o dia todo causa uma fadiga no ouvir. Como resposta, o corpo manifesta dores de cabeça, perda de concentração, além de aumentar os níveis do estresse. As informações são da Agência Einstein.

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Uma alternativa, segundo Dulce Pereira de Brito, médica e head dos programas corporativos de Promoção de Saúde e Bem-estar do Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE), é trazer o silêncio para a rotina diária, nem que seja por um minuto.  

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Os barulhos externos geram um cansaço físico, de acordo com a especialista, porque eles acionam o sistema de alarme do organismo, fazendo com que o cérebro precise capturar muitas informações e tente entender o que cada som significa. Nesse processo, comportamentos inadequados podem surgir, mesmo que a pessoa não perceba.

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“Quando nos alimentamos em um ambiente ruidoso, como uma praça de alimentação ou um refeitório de uma empresa, com centenas de pessoas consumindo e falando ao mesmo tempo, acabamos comendo mais do que gostaríamos, por causa do barulho”, exemplifica Dulce, que também é professora da Faculdade de Medicina da USP e coordenadora do programa de Saúde Mental nas Organizações do HIAE.

O ruído, segundo a médica, também acelera os pensamentos e as ações, ao invés de forçar a atenção ao presente, e o desafio é trazer o silêncio para a rotina. “Quando eu me coloco nesse lugar do silêncio, é um tempo para eu me ouvir e perceber como está a respiração, a fome e o cansaço do corpo. Tem coisas que só percebemos quando desaceleramos e o silêncio é um convite a isso”, destaca.

Como silenciar mais?

Na lista de benefícios, o silêncio é responsável por desacelerar, acalmar, melhorar a concentração, o foco e a memória, além de ajudar o indivíduo a se entender melhor. Para alcançar esses momentos, Dulce explica que não é preciso se isolar no alto de uma montanha, mas encontrar lugares de refúgio próprios, como um canto mais isolado da casa ou mesmo no colo de alguém.

“Se não tiver ninguém por perto, você mesmo se abraça e tenha autocompaixão. Um jeito de silenciar o falatório externo, e o interno, é quando a pessoa é mais autocompassiva, e não se pune tanto”, sugere.

A especialista reforça que, o que vale mais, é separar o tempo do silêncio diariamente, e o horário mais adequado varia conforme as rotinas do indivíduo. “Cada pessoa tem que se perceber e verificar quais são os momentos em que o barulho mais irrita e mais atrapalha. Idealmente, o silêncio deve ser consumido como um alimento: de manhã, de tarde e de noite, com pequenas pautas regenerativas”, afirma.

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Recuperação do dia

No período noturno, Dulce explica que o silêncio contribui na recuperação dos chamados “restos do dia”. “Tudo aquilo que se acumula ao longo do dia, de estresse, cansaço e às vezes até dos sapos que engoliu no trabalho. Há vários jeitos de retirar esses ‘restos’. Alguns preferem explodir e gritar, mas tem quem ficará melhor se fizer uma caminhada silenciosa, meditativa e contemplativa na natureza, por exemplo”, afirma.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]

Redes sociais

Não adianta a boca permanecer em silêncio se os dedos e o cérebro estiverem ocupados com as atualizações das redes sociais. De acordo com a especialista, além de serem uma poluição aos pensamentos, as redes prejudicam todo o objetivo do momento, já que a pessoa não consegue perceber o quanto ela está acelerada ou o ambiente está barulhento.

Para entender o impacto dos aparelhos eletrônicos, Dulce sugere um exercício:

  1. Ligue o cronômetro do celular e, na sequência, deixe-o com o visor tampado.
  2. Vire o aparelho apenas quando você achar que já se passou um minuto. “Para a maioria das pessoas, passam apenas poucos segundos. Esse é um jeito de perceber o quanto a pessoa está mais acelerada em relação ao relógio cronológico. E vale o questionamento: para onde você vai com essa correria?”.
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