Dentre os fatores que aumentariam o risco de mortalidade para a Covid-19, a poluição atmosférica pode ser um deles. Pesquisadores do departamento de Bioestatística da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, foram um dos primeiros a indicarem essa relação e a publicarem um estudo com os dados iniciais. É importante ressaltar que a pesquisa não passou ainda pela revisão de outros pesquisadores.
A associação foi sugerida pelos cientistas ao perceberem que as doenças relacionadas a uma maior gravidade dos casos de Covid-19, como cardiopatias e diabetes, também são condições agravadas pela poluição do ar. Além disso, tanto a doença causada pelo novo coronavírus quanto a poluição afetariam o sistema cardiorrespiratório do paciente, aumentando o risco das complicações e, possivelmente, da mortalidade.
Para chegar a essas conclusões, o time de cientistas coletou dados sobre a poluição atmosférica de cerca de 3 mil municípios nos Estados Unidos – o que representa 98% da população – até o dia 4 de abril. Esses dados foram comparados aos números de leitos hospitalares, testes realizados para a doença, clima e variáveis socioeconômicas e comportamentais, como obesidade e tabagismo.
Dos resultados, eles verificaram que um aumento de 1 micrograma (μg) por metro cúbico na poluição estaria associado a um crescimento de 15% no risco de mortalidade pela doença.
Poluição na Itália
A mesma associação foi percebida por pesquisadores italianos e dinamarqueses, que publicaram um estudo no começo de abril com dados sobre a poluição atmosférica na Itália. A pesquisa foi divulgada no periódico científico "Enviromental Pollution", do grupo Elsevier.
As regiões da Lombardia e da Emilia Romagna, na Itália, são as duas com maior nível de letalidade do vírus no mundo, e duas das áreas da Europa mais poluídas também. Os pesquisadores afirmam que a mortalidade para a Covid-19 nessas regiões era de 12%, enquanto que no restante do país o valor chegava a 4,5%.
Para os pesquisadores, a poluição explica, em partes, a alta prevalência e letalidade da doença entre a população que vive em áreas com níveis significativos da poluição atmosférica. Ainda assim, eles sugerem que estudos experimentais e epidemiológicos sejam feitos para avaliar o papel real da poluição.