Assim que percebeu academias e outros serviços considerados não essenciais fechando as portas devido à pandemia de Covid-19, a estudante curitibana Maria Fernanda Bordin imaginou que suas aulas de pilates também seriam suspensas. Por isso, parou de frequentar o estúdio e tinha certeza de que não retomaria os exercícios tão cedo. "Só que o quadro evolutivo dela piorou", conta a mãe Débora Bordin, que viu a filha adolescente apresentar cansaço e fraqueza muscular excessiva nos dias em que ficou em casa.
Segundo ela, a garota de 16 anos possui uma doença degenerativa conhecida como Síndrome de Charcot Marie Tooth, e os exercícios do pilates são essenciais para tratar os sintomas dessa patologia. "Enquanto a Nanda estava ativa, seu equilíbrio melhorou e percebemos uma resposta muscular positiva, pois antes ela não conseguia nem mesmo fazer uma abdominal", relata. "Só que, ao tirá-la das aulas no início da pandemia, o cansaço crônico característico da síndrome voltou".
Diante da situação, Débora entrou em contato com o estúdio e recebeu a notícia de que o local continuava funcionando, mesmo que as academias tradicionais permanecessem fechadas. "Os alunos tinham a opção de receber exercícios gravados ou de manter encontros presenciais com todos os cuidados relacionados à pandemia. Optamos, então, pelo presencial", afirma a mãe, que passou a levar Maria Fernanda de máscara para as sessões, duas vezes por semana.
Isso é possível porque os espaços destinados ao método pilates não são considerados academias e contam com fisioterapeutas e não com profissionais de educação física, conforme explicaram em nota o Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (Crefito-8, do Paraná) e o Conselho Regional de Fisioterapia Ocupacional (Crefito-4, de Minas Gerais). Além disso, eles não oferecem exercícios com objetivo único de condicionamento físico, mas em "caráter terapêutico", atendendo pacientes com dores crônicas, desvios posturais e com necessidade de acompanhamento especializado.
Assim, fisioterapeutas como Stephania Alves Salviano continuam atendendo em Curitiba por meio de uma rotina diferente da que estavam acostumados. "Antes era possível receber até quatro pacientes por aula, mas agora o serviço é individual e realizado com distância mínima de dois metros entre paciente e profissional", explica, ao citar ainda o uso obrigatório de máscara e a suspensão das demonstrações de exercícios nos aparelhos. "Ou seja, a sessão inteira é ministrada com comandos verbais".
De acordo com ela, os equipamentos do estúdio também são higienizados com álcool 70% antes e depois de cada atendimento, e as janelas permanecem abertas para circulação de ar. "Lembrando que os alunos assinam um Termo de Consentimento a respeito dessas medidas preventivas contra a Covid-19 e todos têm seguido as normas".
Benefícios em meio à pandemia
Além dos movimentos, o pilates pode trazer benefícios para a saúde mental, principalmente em meio a pandemia. Segundo Stephania, a respiração durante os exercícios alivia a ansiedade e ameniza os desconfortos causados pelo regime de trabalho em home office.
"Ficar sentado por longos períodos pode trazer complicações à circulação sanguínea, aumentar as tensões musculares e gerar dores no corpo", pontua. "O pilates é um verdadeiro aliado neste momento, melhorando o retorno venoso, a flexibilidade e aliviando o estresse", finaliza.