Apesar da pandemia da Covid-19 e de todas as restrições e incertezas que ela trouxe, os níveis de ansiedade e depressão se mantiveram estáveis, segundo uma pesquisa recentemente divulgada e realizada pela Faculdade de Medicina da USP (FMUSP).
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O estudo, que acompanha participantes desde 2008 com avaliações periódicas, seguiu durante a pandemia, em 2020, avaliando 2.117 participantes do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (Elsa Brasil). A conclusão foi que esses sintomas psiquiátricos mantiveram-se em um patamar estável, mas elevado, durante o último ano, afetando mais de 20% da população.
Uma das razões para a estabilidade, mesmo neste momento de medo, distanciamento e dúvidas em relação ao futuro, aventa André Brunoni, um dos coordenadores do trabalho, é que conexões digitais e o home office podem ter amenizado os efeitos do isolamento social, auxiliando no equilíbrio da saúde mental. As informações são do Jornal da USP.
Os pesquisadores verificaram – ao longo de anos pares, excluindo-se 2014 – sintomas de depressão, ansiedade, fadiga, insônia, preocupações físicas e mentais, pânico, fobias, compulsões e obsessões, e alterações de apetite. “A taxa de transtorno mental comum oscilou entre 23,5% e 21,1%, enquanto a de transtornos depressivos foi de 3,3% para 2,8%. A de transtornos de ansiedade variou entre 13,8% e 8%”, diz ele. Os resultados foram detalhados em artigo recente na revista científica Psychological Medicine, da Cambridge University Press.
O transtorno mental esteve mais presente em mulheres, de baixa escolaridade e com menos de 60 anos, aponta Brunoni. “Idade mais jovem, sexo feminino, nível educacional inferior, etnia não branca e transtornos psiquiátricos anteriores foram associados a aumento das chances de transtornos psiquiátricos, enquanto autoavaliação de boa saúde e boa qualidade de relações estão ligadas ao risco reduzido”, afirma ele, que explica que ter um sintoma depressivo é algo normal na pandemia, diferentemente de desenvolver um transtorno depressivo maior, que é uma síndrome com componentes genéticos e de história de vida e que de certa forma pode ter atingido um teto antes mesmo da pandemia.
O estudo foi liderado por André Brunoni, Isabela Bensenor e Paulo Lotufo, da FMUSP.