A Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) espera que, nas próximas semanas, vacinas contra a Covid-19 sejam liberadas pela Organização Mundial da Saúde para a iniciativa Covax. O processo é "rápido e já está em negociação", afirmou nesta quarta-feira, 2, em entrevista coletiva o diretor-adjunto da Opas, Jarbas Barbosa.
Segundo o diretor, a "produção de vacinas é limitada e a prioridade deve ser de grupos de riscos" durante a imunização. Idosos, pessoas com comorbidades e profissionais da saúde devem fazer parte de uma "primeira fase" das campanhas.
Barbosa destacou que a Pfizer está desenvolvendo caixas específicas para facilitar o armazenamento de suas vacinas, o que, em conjunto com órgãos públicos, pode ajudar na disponibilidade do imunizante, que demanda recursos para refrigeração a temperaturas baixíssimas que são escassos na maioria dos países. O imunizante da Pfizer recebeu nesta quarta-feira (2) autorização para uso de emergência no Reino Unido.
A Pfizer é um das produtoras com as quais a OMS espera contar na Covax. Barbosa afirmou que 37 países do continente entraram na iniciativa, e que dez dos mais vulneráveis não pagarão por vacinas, dentre eles Bolívia, Haiti e pequenas nações caribenhas. O Brasil está no grupo de 27 que terão de pagar por imunizantes, ainda que a Covax busque condições mais favoráveis.
Até o momento, no total, pelo menos 189 países estão envolvidos na Covax, 92 deles são países em desenvolvimento. A iniciativa anunciou anteriormente que fez acordos que garantem cerca de 700 milhões de doses de vacinas contra o novo coronavírus e que pretende oferecer 2 bilhões de doses até 2021, com o objetivo de dar cobertura a pelo menos 20% da população dos países participantes.
Também participam da iniciativa as vacinas em testes pela Universidade de Oxford/AstraZeneca, Novavax e Sanofi/GlaxoSmithKline. A Moderna ainda não assinou acordo com a Covax, mas as negociações estão em andamento.
Superbactérias
O diretor para Doenças Transmissíveis da Opas, Marcos Espinal, fez uma alerta ao fato de que "muitos países estão usando antibióticos indiscriminadamente" no tratamento contra a Covid-19, o que leva ao risco de desenvolvimento de "superbactérias" - bactérias que, após sofrer mutações, passam a ser resistentes a antibióticos. O diretor afirmou que, embora a Covid-19 seja uma doença viral, antibióticos são usados em pacientes da doença para tratar casos de infecções adicionais por bactérias e fungos.
"Escutamos casos de protocolos nos quais se receitam antibióticos para prevenir infecções", disse Espinal, ressaltando que esses medicamentos não têm efeito sobre a Covid-19 e só devem ser usados quando necessário sob "estrita prescrição médica e acompanhamento por especialistas clínicos" para evitar os riscos de uma "grave crise".