Ministério da Saúde anuncia negociação para comprar de doses de mais duas vacinas contra a Covid-19.| Foto: Bigstock
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Além da Coronavac, do laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, e do imunizante desenvolvido pela Universidade de Oxford e pela farmacêutica AstraZeneca, que estão sendo usados para imunizar os grupos prioritários no Brasil desde o início do ano, o país poderá contar com mais duas vacinas contra a Covid-19:

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  • Pfizer/BioNTech;
  • Janssen, braço farmacêutico da Johnson e Johnson.

O anúncio da intenção em adquirir as doses dos dois imunizantes foi feito pelo ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, nesta quarta-feira (03), em reunião com representantes da Confederação Nacional de Municípios (CNM).

Da vacina da Pfizer, a negociação seria de 100 milhões de doses, e as primeiras parcelas seriam entregues até julho. As demais, entre outubro a dezembro. No caso da vacina da Janssen, o governo disse que está em negociação.

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Confira mais detalhes sobre cada um dos imunizantes: as vantagens, os valores de eficácia, como agem no organismo e como estão os países que já as utilizam:

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BNT162b2: Pfizer/BioNTech

A primeira vacina a receber a validação de uso emergencial contra a Covid-19 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) foi o imunizante da Pfizer/BioNTech. A medida foi anunciada no final de dezembro de 2020 e, de lá para cá, mais de 40 países liberaram o uso para suas populações. No final de fevereiro, a vacina foi a primeira a receber a aprovação de uso definitivo pela Anvisa, embora ainda não estivesse disponível no mercado brasileiro.

Conhecido como BNT162b2, comirnaty ou ainda tozinameran, o imunizante foi testado em diferentes países — entre eles o Brasil — e, em meados de novembro, teve o dado de eficácia divulgado: 95%, após a aplicação de duas doses, com um intervalo de 21 dias. Os resultados dos estudos clínicos de fase 3 que chegaram a esse número foram publicados no início de dezembro na revista científica New England Journal of Medicine.

Com uma tecnologia nova e inovadora, a estratégia da vacina para ensinar o sistema imunológico a combater o Sars-CoV-2 se baseia no RNA mensageiro do vírus. Os pesquisadores entregam um filamento do ácido ribonucleico do coronavírus ao sistema de defesa. Esse RNAm carrega uma mensagem, que é a receita de como produzir uma proteína do coronavírus, e as células humanas a fabricam.

Visto que o corpo humano não expressa, normalmente, essa proteína, as células de defesa aprendem a identificá-la e combatê-la, caso encontrem a versão real do vírus dali para frente. Esse tipo de estratégia não precisa do vírus inteiro para ser fabricada, apenas de parte do RNA.

Dentre as vantagens desse tipo de tecnologia estão o baixo custo para a produção e o alto rendimento. Nas desvantagens, o principal ponto contra a vacina da Pfizer/BioNTech era o armazenamento, que exigia temperaturas baixíssimas, de 70 graus Celsius negativo.

O supercongelamento se faz necessário porque o RNA é uma molécula instável, e qualquer mudança na temperatura poderia atrapalhar essa estabilidade. A farmacêutica, no entanto, desenvolveu modelos de bolsas térmicas com gelo seco que permitiam o armazenamento por até 10 dias fechado.

No fim de fevereiro, a agência regulatória norte-americana, FDA na sigla em inglês, autorizou o armazenamento e transporte do imunizante em temperaturas de congelador padrão, por até duas semanas, ao invés das instalações ultrafrias. A permissão veio depois que as desenvolvedoras encaminharam novos dados à agência destacando que as ampolas das vacinas poderiam ser guardadas entre 25 a 15 graus Celsius negativo, por até 14 dias.

Janssen

A vacina da Janssen, braço farmacêutico da Johnson & Johnson, tem uma vantagem importante em um momento de pandemia: exige apenas uma única dose. Não é a toa, portanto, que é o imunizante mais recente a receber a aprovação do órgão regulatório norte-americano, o FDA, para uso emergencial nos Estados Unidos.

No Brasil, embora tenha sido testado em centros de pesquisa no país, o imunizante ainda não recebeu a aprovação para uso emergencial ou o registro definitivo. De acordo com informações divulgadas pela Anvisa, nenhuma das duas liberações foram solicitadas pela desenvolvedora, até o dia 3 de março. No início de janeiro, no entanto, a Anvisa concedeu a certificação de Boas Práticas de Fabricação — etapa essencial para a aprovação do uso da vacina.

O imunizante da Janssen apresentou 66% de eficácia contra casos moderados a graves da doença após 28 dias da aplicação, segundo informou a própria farmacêutica no final de janeiro. Os dados ainda são preliminares do estudo clínico de fase 3, e variaram nas diferentes regiões nas quais a vacina foi testada. A eficácia foi de 72% nos Estados Unidos, 66% na América Latina e 57% na África do Sul.

Da estratégia escolhida pela desenvolvedora, a vacina usa uma tecnologia similar à adotada pela Universidade de Oxford/AstraZeneca e pelo Instituto Gamaleya, na Rússia: vetor viral. Para tanto, os pesquisadores usam outro vírus — no caso, o adenovírus, causador do resfriado comum — para servir de vetor, ou uma espécie de "fantasia", e entregar ao sistema imunológico a informação genética do novo coronavírus.

Assim, toda a informação do adenovírus é retirada, e é inserido um gene do coronavírus capaz de produzir uma proteína característica desse agente infeccioso. O sistema de defesa acha que se trata do adenovírus e, na hora de atacá-lo, aprende a se defender do coronavírus.

Aplicada em uma única dose, a vacina da Janssen pode ser armazenada em refrigeradores padrão.

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