Ainda que a família o incentivasse a praticar atividades físicas e a manter uma dieta equilibrada, o bancário Frederico Mont'Alvão não se preocupava com sua saúde. “Eu era sedentário, comia lanches várias vezes na semana e trocava água por refrigerante”, relata o mineiro de 44 anos, que percebeu na luta contra a Covid-19 o quanto esse estilo de vida é prejudicial. “A gente acha que nunca vai acontecer nada, mas não dá para brincar com a saúde”.
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Com 1,69 m de altura e 125 quilos – obesidade mórbida, de acordo com o Índice de Massa Corporal (IMC) –, Frederico foi internado dia 2 de janeiro com febre, dor nas costas e baixa saturação de oxigênio. “O aparelho mostrava 88%, sendo que o ideal é mais de 95%”, relata. “Só que eu ainda me sentia bem, então segui bem tranquilo para o quarto da internação, achando que passaria apenas algumas horas ali”.
Pegou o controle remoto para ligar a televisão e não lembra de mais nada, pois desmaiou e só acordou 14 dias depois na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). “Eu nem acreditava que estava vivo após duas semanas intubado”, relata o bancário. Segundo ele, seu sistema respiratório foi gravemente comprometido pela Covid-19, e uma cirurgia de emergência evitou o colapso total do pulmão direito. “Além disso, tive trombose, insuficiência renal, enfrentei uma bactéria e precisaria de um longo processo de recuperação para voltar a me movimentar”.
Fredy, como é conhecido pelos amigos, emagreceu quase 35 quilos durante o período de internação e ficou completamente debilitado. “A gente perde muita massa muscular e e eu tinha dificuldade até para ficar sentado”, recorda o homem, que não conseguia aguentar nem um minuto nessa posição. “Me dava calor, tremedeira, e eu ia caindo porque aquilo exigia demais da minha musculatura”.
E a dificuldade era ainda maior quando tentava ficar em pé. “O chão parecia ter um peso gigante que me puxava para baixo, e eu simplesmente não conseguia aguentar a gravidade”, conta. “Sem contar que precisei reaprender a respirar, pois parava até três vezes no meio de uma única palavra para puxar o ar”.
O que o ajudou em todo o processo, no entanto, foi pensar na esposa Kamilla Campos Raulino e nas duas filhas – Sara, de 11 anos, e Maria Clara, de 13. “Eu sentia muita saudade, e o momento em que pude abraçá-las quando recebi alta no dia 4 de fevereiro foi emocionante”, recorda. “Aí percebi que precisava fazer as coisas de maneira diferente para aproveitar minha vida com elas”.
Por isso, ele seguiu corretamente a dieta estabelecida por sua nutricionista, se dedicou às sessões de fisioterapia em casa e estabeleceu pequenas metas diárias durante todo o processo de recuperação. “Cada dia eu comemorava algo, como levantar o garfo tremendo menos, dar um passo a mais sem o uso do andador ou fazer algo sozinho”, relata. “E deu certo”.
Fredy finalizou as sessões de fisioterapia, voltou a trabalhar e começou a frequentar a academia com sua mulher. “Sei que o processo será longo até que eu consiga realizar atividades físicas mais intensas, mas sedentário não sou mais”, garante o mineiro, que também tem cuidado da alimentação, tomado maior quantidade de água e trocado refrigerantes por sucos naturais. “Não é fácil criar novos hábitos, mas estou mudando a cada dia”.
E ele garante que os resultados valem a pena. Então, tem incentivado outras pessoas a tomarem a mesma decisão pensando nos familiares e amigos que amam. “Não espere chegar ao hospital para entender que precisa de saúde para aproveitar o tempo com quem é importante para você”, alerta. “Desperte o quanto antes e busque ter uma vida mais saudável por amor, não pela dor”.