Apesar de a atividade aeróbica ser frequentemente recomendada para melhorar o sono, um estudo divulgado pela American Heart Association aponta o contrário: praticar exercícios que trabalham o fortalecimento muscular pode ser mais significativo. Sabe-se, que um sono de má qualidade e pouca duração tem impacto direto na saúde do coração, por trazer maior risco de pressão alta, de aterosclerose e de eventos cardiovasculares, como um AVC (acidente vascular cerebral) e infarto.
Siga o Sempre Família no Instagram!
“Não existem dúvidas de que a atividade física é benéfica para a saúde e de que o sono ruim tem uma relação direta com doenças cardiovasculares. Os resultados desse trabalho mostram que os exercícios aeróbicos também são importantes, mas abrem uma nova linha de possibilidades para indicação do treino de força como alternativa ao sedentarismo e na qualidade do sono”, explica a cardiologista Luciana Janot, do Centro de Reabilitação do Hospital Israelita Albert Einstein, que atua na área de cardiologia do exercício, ao explicar que até então havia poucos trabalhos sobre os efeitos de outros tipos de treino em uma noite de sono.
Um ano de observação
Durante 12 meses, os pesquisadores avaliaram 386 adultos inativos, entre 35 e 70 anos, que tinham sobrepeso ou obesidade e hipertensão arterial – fatores de risco para problemas cardiovasculares. Eles foram divididos em quatro grupos: os que fizeram apenas exercícios aeróbicos; apenas exercícios resistidos (musculação); um grupo que fez uma série híbrida com os dois tipos de exercícios combinados e um grupo controle, que não fez exercícios. As informações são da Agência Einstein.
Todos os participantes passaram por treinamentos supervisionados de 60 minutos, três vezes por semana, no tipo de exercício estabelecido para aquele grupo. Os integrantes da modalidade aeróbica puderam escolher entre fazer esteira, bicicleta ou uso de máquinas elípticas e as pessoas do treino resistido faziam séries de oito a 16 repetições que trabalhavam a musculatura em vários tipos de aparelhos.
Para avaliar o sono dos participantes, foi aplicado previamente o questionário Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh (PSQI), que analisa cinco fatores e repetiram ao final de um ano:
⦁ Qualidade do sono
⦁ Duração em horas
⦁ Eficiência (tempo na cama)
⦁ Latência (tempo para adormecer)
⦁ Distúrbios do sono (como apneia)
Segundo os pesquisadores, a taxa de adesão dos participantes aos exercícios físicos foi de 83%. No geral, a qualidade do sono melhorou e o número de distúrbios do sono diminuiu em todos os grupos pesquisados, inclusive no grupo controle. Mas entre aqueles que dormiam menos de sete horas por noite, a duração do sono aumentou, especialmente entre os que fizeram musculação: 40 minutos em média; contra 23 minutos entre o grupo que fez exercícios aeróbicos; 17 minutos entre os que faziam exercícios combinados e 16 minutos no grupo controle. O tempo para adormecer (latência) diminuiu em cerca de 3 minutos.
Os resultados ainda são considerados preliminares, já que o estudo ainda não foi revisado por pares, mas já servem de base para reforçar a importância do exercício físico para a saúde – seja ele aeróbico ou de força/resistido.