A vacinação com a Coronavac da população adulta de Serrana (SP) diminuiu em 95% o número de óbitos por Covid-19 na cidade do interior paulista, de acordo com os resultados preliminares do estudo conduzido pelo Instituto Butantan. A pesquisa, que teve início em fevereiro e terminou em meados de abril, vacinou 95,7% da população adulta da cidade.
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Em entrevista coletiva realizada nesta segunda-feira (31), os pesquisadores destacaram que o número de casos sintomáticos caiu 80% e as internações foram reduzidas em cerca de 86% – enquanto 15 cidades vizinhas registravam alta no número de infectados.
O número de novos casos de Covid-19 caiu de 699, em março, para 251 registrados em abril. Já o número de mortes passou de 20 para seis, no mesmo período.
Imunidade coletiva: 75%
Segundo a pesquisa, o controle da transmissão no município se deu quando 75% da população elegível estava vacinada, o que indica que esse é o porcentual de imunizados que se precisaria ter para atingir a imunidade coletiva (ou de rebanho) pela vacina e, com isso, frear o vírus.
A cidade de Serrana, que fica a 315 quilômetros da capital paulista, foi escolhida pelo Instituto Butantan, governo de São Paulo e USP para um estudo sobre os efeitos da vacinação em massa na população adulta. Ao todo, 27.160 mil habitantes acima de 18 anos receberam as duas doses da Coronavac em uma campanha finalizada em meados de abril.
Proteção dos idosos
O estudo ainda demonstrou que a Coronavac é efetiva também para evitar hospitalizações e mortes entre idosos maiores de 70 anos.
De acordo com dados apresentados pelo diretor médico de pesquisa clínica do Butantan, Ricardo Palacios, o número de hospitalizações e mortes na faixa etária superior aos 70 anos foi reduzido a zero após a semana epidemiológica 14, quando 95% dos adultos de Serrana já estavam vacinados.
Foi registrada apenas uma morte e uma internação nessa faixa etária, mas entre indivíduos não imunizados. Antes da conclusão da vacinação, o número de registros do tipo chegou a cinco por semana.
O Butantan não apresentou todos os dados brutos da pesquisa, justificando que eles serão publicados em artigo científico futuramente. Segundo Palacios, os dados demonstram o efeito também indireto da campanha de vacinação em massa na proteção até dos não vacinados.
"Isso reflete a somatória do efeito direto e indireto da vacina, ou seja, entre as pessoas que recebem a vacina e a redução da transmissão do vírus. O efeito da vacina é tão forte que ele consegue proteger aqueles que não foram vacinados em idades mais avançadas", declarou Palacios.
Segundo o presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, o resultado da pesquisa indica que não há necessidade de revacinar ou dar dose de reforço a idosos que receberam a Coronavac. "Os dados que temos não indicam isso. Esses resultados (de estudos que indicam menor efetividade da vacina em idosos com mais de 80 anos) são preliminares, de bancos de dados. Aqui não, aqui a realidade foi estudada, as pessoas foram acompanhadas, então fiquem tranquilos", disse Covas.
Botucatu também será vacinada
Outra cidade do interior de São Paulo também é sede de estudo de efetividade de uma vacina contra a Covid-19. No caso, trata-se do imunizante desenvolvido pela farmacêutica AstraZeneca e pela Universidade de Oxford, produzido pela Fiocruz no Brasil.
A pesquisa, aprovada no fim de abril pelo Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), teve início em maio, com a aplicação de 76 mil doses – das 80 mil previstas. Assim como no estudo com a Coronavac, a pesquisa em Botucatu avaliará a efetividade da vacina, ou como impacta no número de casos, internações e mortes por Covid-19.
O estudo terá duração de oito meses, e participam pesquisadores da Unesp, Unifesp, Universidade de Oxford, prefeitura de Botucatu e Fundação Bill & Melinda Gates.