Raifer Vieira passou 15 dias na UTI, foi entubado e ficou com 70% dos pulmões comprometidos, mas se recuperou e viu seu filho nascer no último dia 5 de abril.| Foto: Arquivo Pessoal/Raifer Vieira
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Depois de perderem o bebê por complicações no início da gestação, Raifer Vieira e Angélica Palazzin descobriram que estavam grávidos de novo, e a alegria tomou conta do casal. “Queríamos muito um filho, e estávamos ansiosos pela sua chegada”, conta o pai, que viu seus planos quase ruírem ao ser internado com Covid-19 em dezembro de 2020, passar 15 dias na UTI e ser intubado. “Minha esposa estava no quinto mês de gravidez e eu ainda não tinha nem mesmo preparado o quartinho do Luca”, recorda. “Meu maior sonho era conhecer meu filho”.

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Segundo ele, os primeiros sintomas da doença apareceram dia 1º de dezembro do ano passado, quando percebeu a garganta arranhando e achou que o motivo fosse o uso do ar-condicionado. “Só que comecei a sentir febre e ter calafrios. Então, fiz o exame do coronavírus e deu positivo”, recorda o designer gráfico, que procurou atendimento duas vezes, mas foi orientado a voltar para casa e tomar medicamentos.

A doença se agravou e, nos dias seguintes, o curitibano de 33 anos — que praticava atividades físicas e não tinha doença prévia alguma — continuou piorando. “Nada baixava minha febre e comecei a demorar para responder minha esposa, porque precisava me concentrar para respirar”, conta o rapaz. “Aí ela ficou tão preocupada que acabei indo para o Hospital Nossa Senhora das Graças dia 9 de dezembro”.

Ao ser atendido, Raifer já estava com 70% dos pulmões comprometidos e não conseguia nem mesmo raciocinar adequadamente, por falta de oxigenação no cérebro. “Tanto que eu não consigo lembrar do momento em que fui levado para a UTI ou de ter sido entubado. Só fui saber tudo o que aconteceu comigo nove dias depois”.

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Raifer foi internado com 70% do pulmão comprometido. Foto: Arquivo pessoal/Raifer Vieira

Assim que retomou a consciência, a sensação que tinha era a de que estava hospitalizado por apenas dois dias. “Mas eu já tinha ficado uma semana inconsciente, colocado dois drenos torácicos e passado mais um dia sob o efeito de medicamentos”, relata o designer, que percebeu a gravidade do seu caso e o quanto precisaria lutar para voltar para casa e ver o nascimento de filho. “Me agarrei nisso”.

A partir daquele dia, começaram exercícios de respiração, sessões de fisioterapia e muito cuidado com a alimentação. “Isso somado às orações de centenas de pessoas”, afirma o rapaz, que já havia perdido 13 quilos, estava com a musculatura fraca e sentia cansaço extremo. “Andar 10 passos era muito para mim, então eu ficava ofegante e precisava de ajuda”.

No entanto, ele foi melhorando aos poucos e teve a alegria de receber alta na véspera de Natal. “Nem acreditei quando pude reencontrar minha esposa e abraçá-la. Foi o momento mais emocionante para mim, inexplicável”, recorda o curitibano, que continuou sua recuperação em casa, enquanto preparava o quarto do pequeno Luca, via o bebê chutar a barriga da mãe e imaginava o rosto do seu pequeno.

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“E Deus me deu a oportunidade de ver o nascimento dele no último dia 5 de abril”. De acordo com Raifer, seu filho nasceu saudável e chegou mudando completamente a rotina do casal. “É uma experiência maravilhosa”, diz o paranaense.

No entanto, ao mesmo tempo em que lida com o bebê, ele continua cuidando da saúde e tentando restabelecer a capacidade física que tinha antes da Covid-19. “Ainda não consigo correr, nadar ou jogar futebol como antes, mas cada dia é melhor que o outro”, explica o rapaz, ao pontuar que o processo de recuperação é lento, mas enriquecedor.

“Aprendi a valorizar as pequenas coisas e a aproveitar, ao máximo, o tempo com minha família. Afinal, a vida é muito curta, e nós temos que agradecer pela oportunidade de acordar a cada manhã”, finaliza.

O bebê nasceu saudável no último dia 5 de abril. Foto: Arquivo pessoal
Raifer e o filho Luca, que nasceu com 53 centímetros, pesando 3,910 kg. Foto: Arquivo pessoal
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