Estudo realizado na China mostrou que 100% dos pacientes infectados pela Covid-19 apresentaram anticorpos mais duradouros 19 dias depois dos sintomas, o que não significa, ainda, uma imunidade permanente contra a doença| Foto: Bigstock
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Dos 285 pacientes diagnosticados com a Covid-19 avaliados em um estudo realizado na China, 100% testaram positivo para a imunoglobulina G, ou a IgG. Trata-se de um anticorpo produzido pelo organismo humano que visa uma proteção mais duradoura contra um agente infeccioso, como o novo coronavírus.

No estudo, publicado na revista científica Nature Medicine, os pacientes apresentaram os anticorpos depois de 19 dias do início dos sintomas. Embora os resultados pareçam promissores para uma imunidade mais permanente contra a Covid-19, ainda não se pode fazer essa afirmação, de acordo com Carolina Prando, médica imunologista, pediatra e pesquisadora do Hospital Pequeno Príncipe, de Curitiba.

"Os resultados do estudo teriam uma correlação importante com os diagnósticos. Se realmente se confirmar nas diferentes populações, situações e apresentações clínicas em grupos maiores de pacientes, poderia-se dizer que a partir do 19º dia, todos os pacientes teriam o IgG positivo, e isso seria um indício de que a pessoa teve ou tenha a infecção pelo novo coronavírus. Eu não estou dizendo que podemos ter, mas que poderíamos ter [essa conclusão]", explica a médica.

Os resultados encontrados pelos pesquisadores no país asiático, segundo a especialista, colaboram mais com os testes de diagnóstico do que, necessariamente, com a dúvida mais comum nos dias atuais: uma vez tido a Covid-19, é possível se reinfectar ou haverá uma imunidade permanente?

"Isso não poderia ser concluído a partir desse estudo. É algo que ainda não está bem estabelecido e precisaria de mais tempo", explica a médica.

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Melhor uso dos testes de diagnóstico

Entre os testes aprovados para o diagnóstico da Covid-19, dois tipos são mais comuns: o teste molecular e o sorológico. O primeiro, conhecido pelo termo RT-PCR, detecta se há a presença do novo coronavírus no momento do exame. Para tanto, um cotonete é inserido no nariz ou garganta do paciente, de onde é coletada uma amostra, que mais tarde é analisada, de acordo com dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

No caso do teste sorológico (ou teste rápido), é verificado se o paciente teve contato, ou não, com o vírus a partir da formação de anticorpos. Quando um agente infeccioso, como o novo vírus, entra nas células humanas, dá-se início a uma série de mecanismos de defesa. Entre eles, formam-se os anticorpos IgM e o IgG (imunoglobulina M e G, respectivamente).

A primeira, IgM, surge logo de início e a presença da mesma indica que se trata de uma infecção recente, iniciada há dias ou semanas. Quando o exame indica a presença da IgG, que é um anticorpo que demanda mais tempo para ser formado, pode se tratar de uma infecção mais antiga, de meses ou anos. Ou, ainda, é indicativo de uma vacinação, que conseguiu produzir os anticorpos certos e garantiu uma proteção mais duradoura.

A partir dos resultados identificados pelos pesquisadores na China, a médica imunologista explica que mesmo que um paciente apresente resultados negativos para o teste sorológico, isso não significa que ele não tenha a doença - visto que as imunoglobulinas IgG só apareceram no 19º dia após os sintomas.

"Sabemos que para a resposta imunológica em geral, não só contra o coronavírus, o organismo leva um tempo até os anticorpos começarem a aumentar. Nesse estudo, eles mostraram que em um subgrupo de 26 pacientes, que eram soronegativos durante o período de observação, os anticorpos surgiram entre 10 a 15 dias, principalmente a partir do 15º dia", reforça.

Assim, mesmo que um paciente infectado apresente resultados negativos para o exame sorológico, talvez seja apenas muito cedo para que o teste seja feito, e o resultado negativo precisa ser visto com cautela.

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