Uma condição crônica de gravidade silenciosa mina lentamente a saúde sem, muitas das vezes, que a pessoa saiba. A hipertensão arterial pode atingir, no Brasil, cerca de 30% das pessoas, segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, mas nem todo mundo sabe que tem.
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A taxa de conhecimento do próprio diagnóstico pode ser tão baixa quanto 22%, apontam alguns estudos brasileiros, diz o cardiologista Abrão José Melhem Jr., diretor administrativo da Sociedade Paranaense de Cardiologia. “Isso reflete certa falha do sistema da saúde em comunicar esse diagnóstico, mas também um certo desinteresse por parte dos cidadãos”, fala.
Quase sem causar sintomas, a hipertensão, quando se torna sintomática, pode ser sinal de que está instalada há algum tempo e indicar complicações. “Os principais sintomas da pressão alta são cefaleia, sensação de cabeça pesada ou vertigem, fatigabilidade (cansaço fácil) e edema (inchaço)”, diz.
Meça pelo menos uma vez ao ano
Para que as pessoas possam vir a conhecer essa condição, que mata mais de 10 milhões por ano no mundo e pode estar ligada a 80% dos casos de AVC e 60% dos infartos, além de ser fator contribuinte importante para quadros mais graves de Covid-19, o ideal é aferir a pressão pelo menos uma vez ao ano e, caso haja a suspeita, agendar uma consulta para confirmar ou excluir o diagnóstico. A hipertensão arterial é caracterizada pela elevação sustentada dos níveis de pressão arterial, acima de 140/90 mmHg (milímetros de mercúrio), sendo o primeiro número a pressão máxima ou sistólica (correspondente à contração do coração); e o segundo, à pressão do movimento de diástole, quando o coração relaxa.
Aparelho manual ou digital?
Ter em casa um aparelho que mede a pressão pode ser uma boa forma de fazer esse acompanhamento. Entre o manual ou digital, o ideal é escolher aquele que a pessoa se adapta melhor para conseguir medir corretamente. Só assim a pessoa irá obter um dado confiável, que depende de correta técnica de uso e da qualidade do equipamento.
O jeito de medir não é igual entre o aparelho manual e digital, e a melhor forma de saber qual equipamento usar para a automedida é conversar antes com o seu médico e testar. “Em geral, as técnicas de medição são fáceis, mas devem ser ensinadas, na prática, por um profissional de saúde e precisam ser seguidas”, diz ele.
Aparelho manual exige mais ações e depende da audição
Entre os pontos negativos do aparelho manual está que a medição nele envolve maior número de ações sequenciais e certa habilidade manual. “Depende da audição do usuário e também da calibração e manutenção do equipamento”, fala. Para fazer a medição mais correta possível com o aparelho manual, o usuário deve aprender e treinar. “Não é fácil descrever essa técnica em poucas palavras. Há capítulos de livros sobre isso. Por isso deve ser aprendido na prática”.
Em relação ao aparelho digital, o ponto positivo é que ele elimina a necessidade de ouvir o nível da pressão, retirando a interferência do observador, mas é muito suscetível a erros de medição, minimizados quando se usa a técnica correta. “Isso pode ser feito simplesmente levando o aparelho junto na consulta e seguindo as orientações dadas”, diz o médico.
Erro comum está no calibre do manguito
Além desse treino em relação aos aparelhos de medição, um erro comum que as pessoas costumam cometer se relaciona às dimensões do manguito (parte do equipamento que será inflada), muitas das vezes inadequada ao braço da pessoa. “Quando mal dimensionado, isso fornece um dado não confiável e não pode ser usado para tomar decisões: um braço muito calibroso (obesos e fisiculturistas) pede um equipamento com manguito maior, um braço muito fino (idosos, debilitados e crianças) pede um manguito menor”, diz ele.