Em um ano e meio de pandemia da Covid-19, a procura por máscaras mais reforçadas, com uma proteção maior para quem usa, cresceu. No Brasil, os modelos são chamados de peça facial filtrante, ou as máscaras PFF, e alguns se igualam à versão norte-americana, conhecida por N95.
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Mas quem buscou por esses modelos deve ter reparado nos diferentes números. Embora as máscaras PFF2 sejam as mais conhecidas, também estão disponíveis no mercado as PFF1 e as PFF3.
A diferença entre elas, segundo Carlos Zárate-Bladés, pesquisador do Laboratório de Imunoregulação no Centro de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Santa Catarina, está principalmente nas tramas dos tecidos. É preciso ficar atento, portanto, porque nem todas têm a indicação de serem usadas contra o coronavírus.
"As que oferecem a proteção que precisamos contra a pandemia são as PFF2 e 3. Mas temos que lembrar que mesmo com as PFF3 não estamos protegidos se não combinamos o uso das máscaras ao bom comportamento, como não aglomerar e fazer a lavagem das mãos com frequência", explica o especialista.
Diferenças nas máscaras PFF
Cada PFF tem uma indicação, com base no grau de proteção. De acordo com Zárate-Bladés, enquanto as PFF1 protegem contra poeiras, as PFF2 protegem contra névoas e as PFF3 são usadas contra substâncias tóxicas.
Embora todas sejam feitas com tecidos sintéticos, as PFF2 e PFF3 levam quatro camadas que combinam celulose, polipropileno e outros elementos, que ajudam a barrar a entrada de partículas menores, como as gotículas que carregam o coronavírus.
Quando uma pessoa contaminada expele as gotículas repletas de coronavírus, elas viajam pelo ar e chegam até as máscaras. Para atingirem a pessoa, precisam atravessar a máscara, mas essa passagem é comprometida pelas várias camadas de tecido. "Na hora que a gotícula bate nessas camadas, ela é absorvida, e o vírus não consegue mais continuar a viagem. Sendo preso, a gotícula resseca e o vírus perde a viabilidade", descreve Zárate-Bladés.
O pesquisador lembra também que o funcionamento da máscara não depende unicamente da trama mais fechada dos tecidos, mas também pelo poder de atração das gotículas. "Basicamente, os tecidos que são usados [na produção das máscaras] têm um tipo de carga, positiva ou negativa. E as gotículas também têm suas cargas. Essa propriedade de atração entre a gotícula e a carga do tecido puxa a primeira, a deixando presa", detalha o pesquisador.
Quando usar as PFF1?
A eficiência das PFF1 é menor que a das PFF2 e PFF3, e como há modelos tão bons quanto, mais baratos e mais fáceis de serem encontrados pela população, Zárate-Bladés sugere que as pessoas optem por outras máscaras, como as cirúrgicas.
"Uma máscara cirúrgica de tripla camada de tecido é muito eficiente na filtração. A cirúrgica peca na vedação ao redor, e as PFF são bem presas ao rosto. Mas usar uma cirúrgica com uma máscara caseira junto aumenta muito a eficiência, e ficam próximas de uma PFF2", explica o pesquisador.
Ainda segundo o especialista, a recomendação dos fabricantes das PFF1, inclusive, alertam que não sejam usadas essas máscaras contra agentes biológicos. "Por isso que é melhor a cirúrgica, para esse objetivo. Uma cirúrgica funciona muito bem se a pessoa mantiver distanciamento e outros cuidados. Se a pessoa precisar ir a um banco, com uma fila grande, e precisa ficar lá por muito tempo, aí deve usar uma PFF2. Nem a 1 funcionaria ali", diz.
E a PFF3?
Apesar de uma proteção significativa contra o coronavírus, as PFF3 não são necessárias para o público comum, e devem ficar restritas aos profissionais da saúde ou à pessoas que precisam trabalhar em ambientes de muita aglomeração.
"Alguns estudos encontraram que, mesmo com a PFF2, pessoas em ambientes com muita carga viral, como os hospitais, acabaram se contaminando. Embora não tenham conseguido mostrar claramente qual teria sido a falha, eles deduziram que poderia ter sido o uso da PFF2 ao invés da PFF3 em ambientes muito carregados", explica o pesquisador.
Para idas aos mercados, farmácias ou outros comércios, a PFF2 é mais do que suficiente. "Mas tudo aliado ao bom comportamento da pessoa. Não adianta usar a máscara e ficar aglomerando", conclui.