Um episódio de estresse seguido por uma súbita dor de cabeça, dor na barriga e suor extremo fizeram Antônio*, de 56 anos, suspeitar de um possível derrame cerebral ou infarto e sair no meio de uma reunião para ir ao hospital. Lá, o curitibano foi atendido no pronto-atendimento e encaminhado para exames que detectaram um AVC.
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Esse quadro é resultado do entupimento ou ruptura de uma das artérias do cérebro, enquanto na doença coronária, mais conhecida como infarto do miocárdio, a obstrução ocorre no coração. “E as duas situações têm como causa principal acúmulo de gordura e entupimento das artérias”, explica o neurologista Marcos Lange.
Graças ao rápido atendimento médico recebido, Antônio foi prontamente diagnosticado e medicado, sem apresentar sequelas após o corrido. Porém, essa não é a regra, já que o AVC pode trazer diversas complicações como dificuldades para andar, falar, enxergar e até sorrir. Além disso, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o número de óbitos por doenças cardíacas passou de pouco mais de 2 milhões no ano 2000 para quase 9 milhões em 2019, representando 16% do total de mortes no planeta.
Prevenção e atenção aos sinais
Só que a maioria desses casos poderiam ser prevenidos se a população tivesse hábitos mais saudáveis e se os pacientes com mais de 40 anos e com situações dessas doenças na família realizassem acompanhamento médico frequente. “Afinal, o risco aumenta com histórico familiar, hipertensão arterial, diabetes mellitus, tabagismo, estresse, obesidade e sedentarismo”, destaca o cardiologista e hemodinamicista Marcel Rogers Ravanelli.
Por isso, é necessário que a população conheça os fatores de risco e as formas de prevenção, como a prática de atividade física, alimentação equilibrada, ingestão mínima de bebida alcoólica, controle do estresse e outros hábitos saudáveis como não fumar e nem usar drogas.
Também é importante estar atento ao sinal clássico do infarto, que é uma forte dor no peito com sensação de queimação que irradia para o pescoço e braço esquerdo. “Lembrando que falta de ar e outros desconfortos já são capazes, através de uma avaliação cardiológica, de indicar com antecedência uma possível doença cardíaca”, alerta o cardiologista.
Atuante na prevenção e no acompanhamento cardiológico de pacientes que realizam procedimentos como cateterismo e angioplastia coronariana, ele relata que os sinais de infarto costumam aparecer por volta dos 40 anos, mas permanecem por meses ou anos sem investigação, piorando o quadro futuramente. “Isso porque os sinais iniciais têm menor intensidade, porém aumentam com alguns esforços, como atividade física, e podem até levar o paciente à morte súbita”, alerta.
Já os sintomas do AVC têm início repentino e surgem com uma lesão cerebral que pode trazer perda de força ou sensibilidade, dificuldade de equilíbrio, de visão ou problemas para falar e compreender o que as pessoas falam. "Além disso, o paciente pode sentir dor de cabeça, dependendo da região atingida pela hemorragia ou entupimento”, informa o neurologista Marcos Lange.
Segundo ele, para identificar os sintomas do acidente vascular cerebral, é possível utilizar uma estratégia conhecida como o mnemônico SAMU: Sorria, Abrace, cante uma Música e chame a Urgência. “Se a pessoa sorrir de forma assimétrica, ou seja, sem conseguir movimentar um lado da boca, se um dos braços não se levantar na mesma altura do outro para lhe abraçar ou, ao cantar uma música, ela não conseguir compreender ou falar uma frase simples, é preciso acionar o sistema de urgência”, aponta o especialista, que orienta essa ação assim que houver a suspeita, pois a agilidade no atendimento pode salvar o paciente.
*Antônio é um nome fictício para preservar a identidade do curitibano de 56 anos citado na reportagem.