Raro, mas curável em muitos casos, o linfoma de Hodgkin tem incidência de três casos por 100 mil habitantes no Brasil, por ano.
Siga o Sempre Família no Instagram!
Ele se origina no sistema linfático, que é uma parte do sistema imunológico, de defesa do organismo e, em geral, o tumor se manifesta no pescoço e no tórax. Em estágios avançados, pode haver manifestações no abdome e na medula óssea. As informações são da Agência Brasil.
O linfoma acomete principalmente adolescentes e adultos jovens, mas também pode ocorrer em idosos.
Diagnóstico precoce
O diagnóstico precoce favorece a chance de cura já que esse tipo de linfoma tem evolução ao longo de meses, como explica Ricardo Bigni, chefe do Serviço de Hematologia do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca), que atende anualente cerca de 70 pacientes com linfoma de Hodgkin.
O tratamento exige quimioterapia intravenosa. A radioterapia também pode ser prescrita pelo médico, em casos específicos, para potencializar os efeitos da quimioterapia. “Em geral, é feita uma complementação, para determinados tipos de casos”. Alguns pacientes precisam fazer uso de medicamentos orais de suporte.
“A gente consegue minimizar a intensidade do tratamento de acordo com o estágio da doença”, afirmou Bigni. Em pacientes com a doença em estágio mais avançado, o tratamento dura, em média, seis meses. Em casos mais precoces, a cura pode ser obtida em prazos mais curtos, “de acordo com o caso”.
Sintomas comuns
O linfoma de Hodgkin provém, de maneira geral, dos gânglios linfáticos e o sintoma principal que costuma aparecer é uma íngua, ou caroço, isto é, um aumento de um linfonodo, na linguagem médica.
"Ele pode emergir em qualquer região dos nossos gânglios. Portanto, pode aparecer na região do pescoço, das axilas, na região inguinal e até nos órgãos linfoides que estão no nosso tórax e nosso abdome”, diz o médico Roberto Magalhães, do Serviço de Hematologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Outros sintomas, chamados na terminologia médica de sintomas B, podem surgir associados ao tumor. Um deles é a perda de pelo menos 10% do peso em seis meses, de maneira inexplicada. “Essa perda de peso é algo significativo. É estranho e tem de ser investigada”.
Outros sintomas incluem febre vespertina persistente, mas sem outros sintomas gripais; sudorese noturna que, eventualmente, leva a pessoa a trocar a roupa da cama e coceira no corpo.
Biópsia necessária
O diagnóstico da doença requer multidisciplinaridade. Caso apareça um nódulo suspeito, é preciso fazer uma biópsia. Um patologista especialista em hematologia é responsável pelo diagnóstico e, em se confirmando que se trata de um linfoma de Hodgkin, o paciente é encaminhado a um hematologista para iniciar o tratamento.
Cabe ao hematologista verificar o estágio ou grau de acometimento da doença. “A doença pode ser altamente localizada; pode pegar só uma região de linfonodos e pode envolver algum órgão que está fora dos linfonodos, como o baço ou fígado”, diz.
Para fazer essa avaliação, o hematologista usa as técnicas de imagem, a cargo de um radiologista que pode fazer uma tomografia para saber quais órgãos foram acometidos. “Eventualmente, é necessário incluir a biópsia da medula óssea porque, às vezes, este local onde se produz o sangue pode estar acometido”, explica Roberto Magalhães.
Cura 5 anos depois
O médico hematologista da UFRJ explica que após o tratamento ainda é preciso acompanhar a evolução do paciente. “A gente só diz que o paciente está curado, em hemoterapia, quando ele ficar cinco anos em remissão completa”.
Durante esses cinco anos, o paciente dever fazer exames de imagem a cada seis meses nos primeiros dois anos, passando depois disso para exames anuais. Caso a doença volte, Roberto Magalhães informou que há opção ainda de tratá-la com transplante autólogo de medula óssea. “Há taxas de curabilidade em pelo menos 50% dos casos”.
O hematologista admitiu que há desafios para o tratamento na área de remédios antigos que estão desaparecendo das prateleiras, o que pode prejudicar muito os pacientes do SUS que não têm recursos para ter acesso a remédios mais modernos e sofisticados que estão surgindo.
Sem causa específica
Magalhães diz que não há estudos que comprovem o que provoca o surgimento desses tumores linfoides e linfomas. “Não existe uma causa específica. São fatores genéticos e ambientais a que as pessoas se expõem que podem gerar isso, mas não existe uma regra”.
Estudos mostram a associação do linfoma de Hodgkin com o vírus da mononucleose, mas isso não quer dizer que todo mundo que teve mononucleose vai ter o linfoma, salientou Magalhães. “São diversos fatores. A gênese do linfoma é multifatorial".