Fazer uma reabilitação excelente é importante para evitar sequelas futuras após lesões de esporte.| Foto: Bigstock
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Quem teve lesões mais graves relacionadas a práticas esportivas na juventude tem com o que se preocupar ao chegar aos 50 anos. Isso porque, é na meia idade que surgem problemas ortopédicos derivados de entorses, rupturas ligamentares, lesões meniscais, luxações articulares e fraturas.

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Essas lesões, quando atingem o tecido mais nobre da articulação (a cartilagem), podem causar artrose precoce no joelho, um desgaste que ocorre ao longo da vida e pode aparecer aos 60-65 anos, mas que tem levado gente mais nova que isso ao consultório, muitas vezes com indicação cirúrgica.

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O drible é o inimigo

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No Brasil, o vilão é o futebol. E as vítimas, principalmente homens. “Além de ser um esporte de contato, exige muita troca de direção, com o drible, responsável por provocar entorses de articulação de tornozelo e joelho, que pode causar lesões ligamentares ou meniscais, podendo causar sequelas e lesões incapacitantes para o futuro”, diz Luís Antônio Bauer, ortopedista e traumatologista do esporte do Hospital VITA.

Assim como o futebol, outros esportes com troca de direção, como o basquete, vôlei e handebol, lesam mais do que outras práticas. “O futebol gera mais lesões pela quantidade de praticantes, mas o curioso é que o judô é o primeiro lugar no ranking de lesões por praticantes, principalmente de membros superiores, de ombro, por ser um esporte de queda”.

O surgimento de problemas ortopédicos vai depender da intensidade e volume dos treinamentos/jogos, além das adaptações que podem ter ocorrido ao longo dos anos. “Os motivos podem ser correlatos também à posição que ocupa no “campo”, em jogos coletivos, por exemplo. Costumamos relacionar com os fatores extrínsecos (tipo do campo, material esportivo, intensidade/volume do treinamento físico) e fatores intrínsecos (alterações de força muscular, desequilíbrios, falta de força para estabilizar as articulações e ou segmentos, falta de mobilidade articular que pode desencadear adaptações, traumas que o próprio corpo tem condição de adaptar, mas que de forma sucessiva perde as possibilidades de ajuste)”, diz o fisioterapeuta Cassio Preis, professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]
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Piores lesões esportivas

Entre as lesões que devem gerar mais preocupação em relação ao futuro estão as chamadas traumáticas, que envolvem mais energia e que podem provocar fraturas da articulação e do tecido cartilaginoso, “que é algo muito ruim, pelo pouquíssimo potencial de cicatrização e regeneração desse tecido”, diz Bauer. “Lesões traumáticas são aquelas que, ao ocorrerem precocemente, podem encurtar muito a prática esportiva de um atleta. Precisa de diagnóstico rápido, tratamento precoce e reabilitação excelente, para evitar sequelas que não poderão ser revertidas".

Além das fraturas e também de luxações, o fisioterapeuta Cassio Preis cita que patologias que levam ao desgaste crônico, como artroses que comprometem a função, podem fazer com que o praticante não possa continuar se exercitando. “As lesões por queda, como as do ciclismo, podem levar a traumas de alta energia e consequências mais severas”, explica.

Cirurgias no currículo

Quem passa por cirurgias ortopédicas na juventude não necessariamente terá reflexos disso no futuro, principalmente se esse paciente for atendido cedo e tiver diagnóstico e tratamento corretos.

“Há lesões que são de tratamento rápido, uma fratura que se opera ou é tratada com gesso e que, após a alta, o paciente está curado permanentemente. E há outras lesões, que exigem acompanhamento, com consultas anuais e exames de imagens que, ao apresentarem alterações, exige ação para evitar a destruição completa dos tecidos articulares”, diz Bauer.

Mas há impactos tanto em rompimentos quanto após uma cirurgia. Preis assinala que a cirurgia de retirada total de menisco (meniscectomia total), por exemplo, faz com que se perca um mecanismo de amortecimento e estabilidade do joelho, sobrecarregando a cartilagem articular e iniciando danos na cartilagem e nos ossos.

“A longo prazo, esse desgaste torna-se mais pronunciado. Fatores como sobrepeso e a exposição constante a impactos podem acelerar o desgaste. A ausência de um ligamento, por ruptura, também faz com que a estabilidade seja reduzida, promovendo sobrecarga do sistema”.

Erros na reabilitação

Além do diagnóstico rápido e o tratamento certeiro, executar uma boa reabilitação faz a diferença e pode ajudar a evitar problemas futuros. Entre os erros mais comuns nessa hora, segundo Bauer, está associar a boa ou má evolução do quadro com a dor. “Tem quem sofra com a lesão e, por ter dor – às vezes amenizada por medicamento –, não busca a reabilitação. E este é o maior erro: não buscar reabilitação só porque ou está, ou não está com dor. Deixar de reabilitar é um agravante, ainda mais se pensarmos que há lesões que têm evolução ruim mesmo quando bem tratadas”.

Acelerar a alta do paciente em recuperação cinético funcional para o retorno rápido à prática esportiva é outro erro que merece alerta. “Isso pode fazer com que o processo da recuperação retroceda ou novas lesões surjam. O sistema osteomioarticular (ossos, músculos e articulações), quando recebe um desafio, em termo de carga, precisa de tempo para recuperar. Um tecido danificado precisa receber cargas progressivas e repouso para que novas cargas sejam implementadas”, diz Preis.