Imagem mostra uma calha com muita água caindo, por conta da chuva, despejando e formando um rio no chão.| Foto: Hamilton Bruschz / Tribuna do Paraná

Verão é sinônimo de sol e calor, mas, também, de temporais em diversas regiões do Brasil. Com isso, além dos transtornos materiais causados pelas enxurradas, que saem carregando o que veem pela frente, há ainda um perigo que pode passar despercebido: a leptospirose.

De acordo com o Boletim Epidemiológico, divulgado em setembro de 2019 pela Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde, nos últimos 15 anos o Brasil registrou uma média anual de 3.693 casos da doença. A maior parte deles nas regiões Sul e Sudeste. No Paraná, por exemplo, entre 2015 e 2019 foram confirmados 1.866 casos e quase metade (49%) deles durante o verão.

A leptospirose é causada pela bactéria Leptospira, encontrada principalmente na urina de ratos, mas também de outros animais infectados. Em épocas de tempestades mais frequentes, a água da chuva se mistura àquela encontrada em lodos, valetas, lamas, lagoas e cavas, aumentando a área contaminada pela bactéria.

Ao caminhar por meio dessa água, o corpo fica exposto e a bactéria pode penetrá-lo através da pele, especialmente se a pessoa tiver um ferimento ou arranhão. Ainda assim, mesmo sem lesões, apenas a permanência com o corpo exposto à água por tempo prolongado aumenta o risco.

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Cidades, campo e litoral

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A atenção às áreas alagadas não se restringe às áreas urbanas. A doença tende a aparecer também nas cidades litorâneas e em áreas rurais, visto que a infecção ocorre a partir da exposição direta ou indireta à urina de animais contaminados.

Estes são, mais comumente os roedores, mas podem ser também cães, porcos, bois, carneiros, cabras, cavalos e até mesmo mamíferos silvestres. Atenção deve ser redobrada durante o manejo e a alimentação dos animais, bem como na limpeza dos locais com maquinários e de armazenamento de grãos, ração ou silagem.

Sinais de alerta

Os sintomas da leptospirose, no início, são inespecíficos e é comum que a pessoa confunda o quadro com um problema gastrintestinal. Mas é preciso ficar atento a náusea, vômito, diarreia e febre, além de:

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  • Dor muscular, com atenção especial à panturrilha;
  • Dor de cabeça;
  • Icterícia, ou quando a pele e as mucosas apresentam uma cor amarelada;
  • Vômito ou náusea;
  • Diarreia;
  • Mal estar;
  • Dores pelo corpo;
  • Cansaço;
  • Calafrios;
  • Febre.

O período de incubação da doença é, em média, entre sete a 14 dias, depois do contato com a água contaminada. O diagnóstico da doença só pode ser confirmado por meio de exames laboratoriais feitos pelo Laboratório Central do Estado (Lacen), uma semana depois de iniciados os sintomas.

De acordo com a Agência de Notícias do Paraná, 90% dos casos têm evolução benigna. No entanto, caso a doença não seja tratada adequadamente e nem precocemente, pode ser fatal.

Cuidados

  • Não jogue lixo ou qualquer objeto nos rios e em bueiros.
  • Guarde os alimentos em lugares secos e dentro de recipientes fechados.
  • Avise e solicite água à companhia de saneamento ou prefeitura em caso de desabastecimento.
  • Mantenha os quintais e terrenos baldios limpos, evitando acumular entulhos.
  • Não nade ou brinque em lagos, cavas, córregos ou águas de enchente.
  • Não use água do poço ou de reservatório inundado antes de uma desinfecção.
  • Lave e desinfecte utensílios e caixa d'água depois de chuvas intensas com alagamentos.
  • Evite o contato com a água do alagamento com botas e luvas de borracha, sacos plásticos amarrados aos pés e nos braços.
  • Não coma alimentos naturais ou preparados, nem medicamentos, que entraram em contato com a água da enchente.
  • Filtra e ferva por 15 minutos a água para o consumo ou use o hipoclorito de sódio a 2,5% (água sanitária) na medida: duas gotas para cada litro de água. Espere 15 minutos antes de consumir.