O leite materno é considerado um dos alimentos mais saudáveis do mundo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo de Emergência Internacional das Nações Unidas para a Infância (Unicef), cerca de 6 milhões de vidas todos os anos, por meio da amamentação.
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Além disso, o aleitamento materno na primeira hora de vida é importante tanto para o bebê quanto para a mulher, pois auxilia nas contrações uterinas, diminuindo o risco de hemorragia. O ato fortalece, ainda, o vínculo afetivo entre mãe e filho. É por essa grande importância, que desde 1990 foi instituído o Agosto Dourado, para incentivar a amamentação.
Para o pediatra do Hospital Santa Cruz Ênio Luís Torricillas, o tema da campanha é de extrema importância para que mães e filhos possam ser beneficiados por uma amamentação saudável. “O leite materno é tudo que o bebê precisa até o sexto mês. É um alimento completo, com tudo o que é necessário para o desenvolvimento. Ele faz com que o cérebro, ossos e órgãos vão se adaptando e vai acumulando cálcio", explica ele.
Outro ponto relevante, segundo ele, é a imunidade. "Os anticorpos são transferidos da mãe para o bebê enquanto ele não recebe as vacinas do início da vida, para criar sua própria imunidade. Portanto, o leite materno é muito importante para o trato gastrointestinal e fornecimento de imunidade”, diz.
A neonatologista Gislayne Nieto, pediatra e membro do Departamento de Neonatologia da Sociedade Paranaense de Pediatria, também defende o aleitamento exclusivo até 6 meses e manter a amamentação até 2 anos ou mais. “O leite materno é rico em nutrientes e proteínas, responsáveis pela imunidade que protegerá contra diarreia, pneumonias, doenças virais e, além disso, fornece uma conexão muito boa entre mãe e filho. Se não bastasse, vários estudos mostram um aumento de QI, dependendo do tempo de amamentação. E, para o futuro das crianças, o leite materno previne obesidade, hipertensão e diabetes”.
Três Fases do Aleitamento
O aleitamento passa por três fases. No início da amamentação, muitas mulheres estranham a textura e a cor do leite. Isso acontece porque ainda não é o leite, e sim o colostro. Antes de se tornar leite maduro, existem alguns estágios, que são muito importantes:
O colostro é o leite produzido logo após o nascimento do bebê. Geralmente, é expelido entre os três e cinco primeiros dias e tem consistência mais líquida do que o leite maduro. Depois, vem o leite de transição que, como o próprio nome diz, é produzido no período intermediário entre o colostro e o maduro. Sua composição, portanto, se modifica de forma gradual e progressiva. Em geral, esse leite é produzido entre o sexto e os 15º dias após o parto. E, depois, é a vez do leite maduro. As mamas produzem o leite maduro cerca de duas semanas após o parto. Em seu estágio final e definitivo, o alimento contém todos os nutrientes necessários para o desenvolvimento físico e cognitivo da criança.
Dicas para uma amamentação saudável
O pediatra Ênio Luís Torricillas reforça que a amamentação é um período muito especial e deve ser bom para a mãe e para o bebê. “É neste tempo que o vínculo é criado entre os dois, representa segurança, autoestima e afetividade. Algo importante de ressaltar é que, caso a mãe não consiga amamentar no seio, esse assunto vira um tabu. Porém, ela não é menos mãe por isso. O vínculo precisa ser criado e, mesmo com a mamadeira, isso é possível”, diz.
Gislayne Nieto, neonatologista, conta também que alguns anos atrás acreditava-se que era necessário massagem com buchas ou panos ásperos nos mamilos para a preparação das mamas na gravidez, porém, havia o risco de fissuras com estas manobras. “A orientação é que as gestantes usem sutiãs confortáveis e firmes e hidratem as mamas (não os mamilos). Identifique o tipo de mamilo e converse com seu obstetra ou pediatra na consulta pré-natal e já se prepare emocionalmente para a amamentação”, revela.
Outras dicas são em relação aos erros cometidos na apojadura – conhecido também como descida do leite. “Fazer banhos ou compressas quentes, pois estimula a vasodilatação e aumenta o ingurgitamento das mamas e não oferecer a mama, já que geralmente com a apojadura a mama fica muito cheia e dolorida. O indicado é fazer massagens, ordenha preferentemente manual, e compressas frias que podem ajudar e manter a amamentação sob livre demanda", explica Gislayne ao dizer que o corpo da mulher tem mecanismos muito inteligentes de autorregulação e, com o passar dos dias, a quantidade de leite se ajusta às necessidades do bebê. "Sugerimos às mães com grande volume de leite fazerem um gesto de amor e doar para um banco de leite humano", lembra ela, ainda.
A técnica de enfermagem Maria Iranete, que atua no auxílio de mulheres nas primeiras amamentações após o parto, conta que este é um processo que exige muito tempo, paciência e persistência. “A amamentação não é fácil, mas tudo dá certo quando a mulher se prepara e tem suporte da família e da equipe médica. O corpo se adapta, tudo é um processo. Minha dica é muita calma e paciência. Outro ponto importante é a mulher tomar muito líquido e evitar produtos industrializados e bebidas alcoólicas”, diz.
Suellen Chuviski Correia, mãe de Caio, de 1 ano e 3 meses, conta que ainda está amamentando. “No começo foi muito difícil, mas tive uma rede de apoio que me incentivou e apoiou. Toda mulher deveria ter o privilégio dessa experiência, é árdua, mas no final vale a pena, ainda mais depois que você começa a ver os benefícios para o bebê. Eu me sinto realizada como mãe e mulher e ainda tenho a oportunidade de doar o leite e ajudar outros pequenos”, finaliza.