Pessoas fisicamente ativas tendem a ter uma resposta melhor contra a Covid-19, e um novo estudo de diferentes universidades brasileiras confirma essa percepção. A pesquisa, feita de forma on-line com 938 brasileiros que foram infectados pelo Sars-CoV-2 em 2020, mostra uma prevalência nas hospitalizações entre quem não pratica exercícios físicos de forma suficiente.
No grupo de pessoas que eram fisicamente ativas, os pesquisadores perceberam uma taxa de internação 34,3% menor do que no grupo de quem não fazia exercícios com a mesma regularidade.
Foram considerados suficientemente ativos os participantes que, antes da pandemia do novo coronavírus, praticavam pelo menos 150 minutos, por semana, de exercícios aeróbicos de intensidade moderada; ou 75 minutos, por semana, de exercícios de alta intensidade.
O questionário foi respondido de forma on-line entre os meses de junho a agosto deste ano e os detalhes foram publicados na plataforma MedRxiv. O estudo ainda não foi revisado por outros pesquisadores.
Homens e idosos: mais internações
No questionário, os participantes responderam dúvidas sobre o quadro clínico, como sintomas, uso de medicamentos e, entre aqueles que tinham sido hospitalizados, o tempo de internação. Também responderam sobre outros fatores que poderiam influenciar na evolução da doença, como a idade, o sexo, o IMC (índice de massa corporal), a existência de doenças preexistentes, entre outras.
Como resultado, os pesquisadores perceberam que a prevalência nas internações foi maior entre alguns voluntários, com características específicas, além da falta de exercícios físicos:
- Homens;
- Idosos (65 anos ou mais);
- Com obesidade ou sobrepeso;
- Com menor nível socioeconômico;
- Com menor escolaridade.
De acordo com os pesquisadores, mesmo descontada a influência dos fatores de risco acima do resultado final, foi possível perceber a redução de 34,3% na prevalência de internações entre os voluntários que praticam exercícios físicos de forma suficiente.
"Buscamos avaliar se havia alguma redução na prevalência de hospitalização também entre os que praticavam atividade física por um período menor que o recomendado, mas nesse caso a diferença não foi significativa do ponto de vista estatístico", de acordo com Marcelo Rodrigues dos Santos, pós-doutorando na Faculdade de Medicina da USP e idealizador da pesquisa, em entrevista à Agência FAPESP.
"Por se tratar de um estudo observacional, não investigamos os mecanismos envolvidos na proteção conferida pela prática de atividade física. Mas há evidências robustas sobre os benefícios dos exercícios para a imunidade. Uma única sessão pode mobilizar bilhões de células de defesa, reintroduzindo-as na circulação", conclui Santos.