O Instituto Nacional do Câncer (Inca) alertou nesta terça-feira (10) sobre o uso dos cigarros eletrônicos por quem está tentando parar de fumar. Sem evidências científicas concretas de que os aparelhos seriam bons substitutos do cigarro tradiconal, o órgão reforça a decisão da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Anvisa de que os dispositivos eletrônicos para fumar (DEFs) não devem ser usados com esse fim.
Além de conter inúmeras substâncias tóxicas, na maioria aditivos com sabores e nicotina, os vapes (como os aparelhos são usualmente chamados) podem gerar dependência química. As informações são da Agência Brasil e do Inca.
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O Inca divulgou, ainda, que jovens que passam a usar os cigarros eletrônicos têm quatro vezes mais chance de migrar para os cigarros convencionais, conforme uma revisão sistemática de estudos científicos, publicado no Journal of American Medical Association (JAMA) em 2017.
Outra crítica do órgão está relacionado a estudos que equivocadamente, segundo o Inca, “consideram como cessação [do tabagismo] a migração do cigarro tradicional para o eletrônico”. Há a troca do produto, no entanto a pessoa permanece dependente da nicotina, presente tanto no convencional quanto no eletrônico.
“Ressalta-se ainda o risco de que o usuário continue a fazer uso dos dois produtos – o chamado uso dual – expondo-se aos elementos tóxicos de ambos tipos de cigarro e à chance de se mostrar dependente”, alerta o Inca. Recentemente, a OMS considerou que as informações acerca do uso de DEFs como ferramenta de cessação são inconclusivas e que não há clareza se esses produtos têm algum papel na cessação do tabagismo.
A importação, propaganda e a venda desses produtos, inclusive pela internet, são proibidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Ainda assim, o uso é comum, bem como a comercialização do produto. O uso de DEFs em ambientes coletivos fechados é proibido.
Substâncias tóxicas
Conforme listadas pelo Inca, entre as substâncias tóxicas que compõem ou são liberados pelos dispositivos eletrônicos para fumar estão:
– Nicotina;
– Formaldeído;
– Acetaldeído;
– Acroleína e nitrosaminas, carcinogênicas ou possivelmente carcinogênicas;
– Metais pesados, como níquel, cromo, manganês e chumbo;
– Flavorizantes, como o dyacetil, associado a danos pulmonares.
Cigarros aquecidos têm ainda tabaco, classificado pela International Agency for Research on Cancer (IARC) como cancerígeno para os humanos (Grupo 1) e capaz de liberar monóxido de carbono, amônia e benzeno.
Casos de Evali no Brasil
Em 2019, os Estados Unidos noticiaram o surgimento de casos de uma doença pulmonar grave relacionada ao uso de dispositivos eletrônicos para fumar.
Até o começo de dezembro, o Centro de Controle de Doenças (CDC) do país notificou 2.291 pacientes hospitalizados com os sintomas da Evali (Eletronic or Vaping Acute Lung Injury, em inglês) – sigla dada pelos especialistas para a doença pulmonar relacionada ao uso dos vapes. Destes casos, 48 pessoas morreram da doença.
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O crescimento do número de casos foi reconhecido como epidemia. Ressalta-se que 77% dos casos da doença foram em pessoas com menos de 35 anos, sendo 15% menores de 18 anos. No Brasil, até o início de dezembro de 2019 foram relatados três casos suspeitos. Todas as pessoas identificadas com essa doença fizeram uso de cigarros eletrônicos. A maioria delas relatou ter usado THC (tetrahidrocanabiol, componente da maconha), acompanhada ou não de nicotina.
Há registro de Evali também na Argentina e no Canadá, até o momento.
Formato
Os dispositivos eletrônicos para fumar funcionam com uma bateria e podem ter o formato de cigarros, canetas e até mesmo pen drives. Assim, acabam enganando alguns pais e professores, que podem acreditar se tratar de material escolar.
Os chamados juicers estão acoplados aos produtos, e se tratam de aditivos com sabores, substâncias tóxicas e nicotina, cuja concentração varia de acordo com o fabricante.
Há quatro tipos de DEFs, conforme o Inca:
– cigarros eletrônicos;
– cigarros aquecidos;
– vaporizadores de ervas secas;
– produtos híbridos.
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