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Inferências teóricas de um grupo de pesquisadores sugerem que pessoas assintomáticas infectadas pelo novo coronavírus seriam, na verdade, as grandes responsáveis pela transmissão da doença no mundo.

As principais conclusões a que chegaram os cientistas, em estudo publicado na revista científica Science, no último dia 16 de março, é que 86% das infecções de coronavírus na China não foram documentadas e que, dessas infecções invisíveis, 55% eram tão contagiosas quanto as infecções detectadas. "A fração de casos não documentados, mas infecciosos, é uma característica epidemiológica crítica que modula o potencial pandêmico de um vírus respiratório emergente", diz o estudo.

"Essas infecções não documentadas geralmente apresentam sintomas leves, limitados ou inexistentes e, portanto, não são reconhecidas e, dependendo de sua contagiosidade e número, podem expor uma parcela muito maior da população ao vírus do que ocorreria de outra maneira", informa o documento.

Os cientistas utilizaram como pontos de referência os períodos anteriores às restrições de fluxo humano no país e após a tomada dessa medida. Sem a transmissão de casos não documentados, afirmam os pesquisadores, as infecções relatadas entre os dias 10 a 23 de janeiro poderiam ser reduzidas em 78,8% em toda a China e 66,1% na cidade de Wuhan. "Essa descoberta indica que infecções contagiosas e não documentadas facilitaram a disseminação geográfica do SARS-CoV2 no país", explicam.

"No geral, nossas descobertas indicam que uma grande proporção de infecções por Covid-19 não foram documentadas antes da implementação de restrições de viagem e outras medidas de controle intensificadas na China em 23 de janeiro, e que uma grande proporção da força total da infecção foi mediada por essas infecções não documentadas", continua a pesquisa. "A alta proporção de infecções não documentadas, muitas das quais provavelmente não eram severamente sintomáticas, parece ter facilitado a rápido propagação do vírus por toda a China".

As análises do surto após o dia 23 de janeiro na China indicam que os esforços de controle do governo e a conscientização da população "reduziram a taxa de disseminação do vírus, aumentaram a taxa de notificação e diminuíram a carga sobre os sistemas de saúde já superdimensionados".

"Nossas descobertas enfatizam a seriedade e a pandemia potencial de SARS-CoV2. [...] Se o novo coronavírus seguir o padrão da influenza pandêmica H1N1 de 2009, ele também se espalhará por todo o mundo e se tornará um quinto coronavírus endêmico na população humana", conclui o estudo.

É por isso que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), testes em larga escala, como fazem países pequenos, como a Coreia do Sul, continuam sendo a melhor alternativa para conter a disseminação do coronavírus. No último dia 24, o governo brasileiro anunciou que iria realizar pelo menos 22,9 milhões de testes; destes, muitos seriam do tipo RT-PCR, um modelo mais preciso, mas cujo resultado é mais demorado. Também serão realizados testes mais rápidos e menos precisos.

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Leia a pesquisa:

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