O uso de implantes hormonais por quem deseja ter ganhos estéticos e no desempenho físico tem aumentado no Brasil de modo avassalador, mas não é isento de riscos. Por este motivo, em meados deste mês, a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia publicou um posicionamento oficial sobre o tema.
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O texto se refere ao uso (e abuso) de implantes de gestrinona no país, esteroides sexuais que têm apresentações customizáveis, o que pode levar a um real risco de superdosagem e de subdosagem.
Em um trecho a sociedade afirma que "não reconhece os implantes de gestrinona como uma opção terapêutica para tratamento de endometriose, rechaçando veementemente o seu uso como anabolizante para fins estéticos e de aumento de desempenho físico".
O que é a gestrinona
Este hormônio esteroide progestágeno sintético é derivado da 19-nortestosterona, que apresenta propriedades androgênicas, antiestrogênicas e antiprogestogênica. Outra ação dela é inibir a liberação de gonadotrofinas pela hipófise.
Incialmente estudada para tratamento da endometriose por via oral, sua ação anabolizante levou-a a figurar entre as substâncias proibidas no esporte na lista da World Anti-Doping Agency (WADA).
"Por seus possíveis efeitos androgênicos (como diminuição de massa gorda, aumento de massa muscular, aumento de libido), a gestrinona têm sido usada erroneamente por mulheres na busca de melhora da performance física e estética", cita o texto da SBEM.
Com indicação
Existe indicação de uso de derivados androgênicos em mulheres (incluindo a testosterona), mas isso é restrito a poucas situações, como o transtorno do desejo sexual hipoativo (TDSH) em mulheres na pós-menopausa, sem indicação formal para o período da pré-menopausa com o transtorno.
Efeitos adversos
Entre os efeitos adversos associados ao uso de implantes de gestrinona e outros hormônios androgênicos por mulheres estão acne, aumento de oleosidade de pele, queda de cabelo, aumento de pelos, mudança de timbre da voz, clitoromegalia.
Soma-se a esses efeitos indesejáveis a falta de rótulo e de bula completa destes implantes, deixando a paciente sem informações básicas sobre indicações aprovadas pela agência regulatória, posologia, interações medicamentosas, estudos de segurança e eficácia e efeitos adversos.
De acordo com o documento da SBEM, o implante de gestrinona não é uma opção terapêutica reconhecida e recomendada pela Endocrine Society (Sociedade de Endocrinologia Americana), pela North American Menopause Society (Sociedade Americana de Menopausa – NAMS) e pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).