Era para ser um momento de alívio para toda a família. Genauro Matozo Ribeiro, de 86 anos, morador de Guarapuava, finalmente se preparava para receber a segunda dose da vacina contra o novo coronavírus. O idoso tem dois tumores no pulmão e era motivo de preocupação para a nora e as netas. Só que quando chegou a hora, veio a pior notícia: ele já estava infectado.
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“No dia da vacina, percebi a tosse e já levei direto para a UPA. Ele fez o teste e deu positivo”, conta Edenize Carla Ramos Ribeiro, representante comercial e nora do Genauro. O idoso precisou aguardar na Unidade de Pronto Atendimento até conseguir uma vaga no Hospital Regional da Cidade. Foram 13 dias internado na enfermaria, mas, segundo ele, com medo nenhum.
“Não senti dor nenhuma, não me faltava ar. Eu não tenho medo. Tem que pensar em Deus”, diz o sobrevivente do vírus que já tirou vidas de pessoas muito mais jovens e saudáveis do que ele. A condição dos pulmões, debilitados pelo câncer, fez o coração dele trabalhar demais, o que provoca inchaço. A situação poderia agravar o quadro dele, o que torna a recuperação ainda mais impressionante.
Por onde passou durante esse período Genauro ganhou admiradores. Quando recebeu alta, a equipe de saúde responsável por cuidar dele, fez festa. O bom humor e ânimo do aposentado motivaram não só os funcionários, como outros pacientes. “Eu aconselhava os outros dizendo que não adiantava reclamar. Dizia que tinha que ter coragem. Lá no hospital todo mundo queria falar comigo”, conta ele, que ainda se orgulha em dizer que é a pessoa da família que viveu mais tempo até agora.
A recuperação do idoso também serviu de exemplo para os próprios familiares, já que as quatro netas, a esposa e a nora, também contraíram o vírus. Rosa, mulher do seu Genauro, já imunizada com as duas doses, teve apenas sintomas leves, mas Edenize sofreu um pouco mais. Ela foi a que teve o quadro mais severo de infecção pelo vírus, mas hoje também comemora a recuperação de todos. “É gratificante. Seu Genauro é o exemplo de pai que as minhas filhas não tiveram”, revela a viúva do filho casal.
De volta em casa, os cuidados continuam. Na parede, do lado de fora, o recado é claro: nada de visitas. Pelo menos por enquanto. Comemorar essa vitória é algo que a família deseja muito, mas agradecimentos e felicitações, só à distância. “Agradecemos a todas as equipes, que sempre estiveram ao nosso lado dando cada vez mais esperança”, conclui Edenize.