Ana Paula teve grave insuficiência respiratória, fez uma cesárea emergencial para salvar os bebês e ficou 26 dias longe deles| Foto: Arquivo Pessoal/Samuel Pereira
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O choro começou assim que a curitibana Ana Paula Guedes percebeu dezenas de enfermeiras segurando balões no corredor do hospital para comemorar o encontro tão esperado. Momentos depois, os gêmeos Davi e Miguel, de apenas de 26 dias de vida, foram trazidos pelas funcionárias do Hospital Nossa Senhora das Graças (HNSG) para verem a mamãe pela primeira vez ( assista ao vídeo no fim da matéria). “Cheguei a imaginar que nunca conseguiria segurá-los, então a emoção foi muito, muito forte”, relata a assistente fiscal de 30 anos, ao lembrar dos dias de sofrimento que viveu.

Com quase oito meses de gestação, ela tomou todos os cuidados para se proteger da Covid-19 a fim de garantir que os pequenos nascessem saudáveis e na data correta. “Comecei a trabalhar em regime de home office já no início da pandemia, usava máscara, álcool em gel e só saía de casa em situações de necessidade, como as consultas de pré-natal”, afirma a paciente que, mesmo seguindo todas as medidas de prevenção, passou a sentir os primeiros sintomas trazidos pelo novo coronovírus. “Tive febre, muito frio a ponto de ficar tremendo, tossia bastante e tinha dificuldade de respirar pelo nariz”.

Diante dos sinais, a gestante imaginou que estivesse com gripe, começou a tomar chás caseiros e procurou atendimento médico apenas para certificar-se de que ficaria tudo bem. “Só que, assim que cheguei, os momentos de angústia começaram, pois eu estava com a Covid”. De acordo com a médica obstetra Helena Maria Amorim, os sintomas da paciente pioraram muito rápido e, em menos de 24 horas de internamento, a gestante já não conseguia respirar. “Ela começou a apresentar leve falta de ar pela manhã, passou para um quadro moderado por volta de meio-dia e, à tarde, estava com grave insuficiência respiratória”.

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Com esse quadro de saúde, Ana precisaria ser entubada urgentemente na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para receber oxigênio, e isso colocaria em risco a vida dos bebês. “Então, ginecologistas, infectologistas e médicos das UTIs adulta e neonatal do HNSG se prepararam imediatamente para uma cesárea”, relata a obstetra, que participou de todo o processo e viu os garotos nascerem prematuros – com 33 semanas –, porém estáveis. Miguel nasceu com 2,190 kg, enquanto o irmão chegou ao mundo bem pequeno, com apenas 1,675 kg.

“Eu ouvia o chorinho deles e, como mãe, meu maior desejo era poder abraçar os dois e ver seus rostinhos, mas eles foram direto para o internamento porque precisavam de oxigênio”, recorda a curitibana, emocionada. Ela também foi levada para a UTI a fim de iniciar o tratamento que precisava e torcia para que seus bebês não estivessem infectados. “Graças a Deus, eles foram submetidos aos testes e deu negativo”.

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No entanto, enquanto Ana permanecesse com o vírus em seu corpo, ela estaria proibida de se aproximar dos bebês para evitar a contaminação das crianças. Por isso, só via os filhos por imagens de vídeo e chorava todos os dias. “Era muito triste, e várias vezes eu nem conseguia assistir tudo porque era difícil saber que não podia tê-los pertinho de mim”, lembra a mãe, ao contar que realizou quatro testes de Covid-19 até receber a resposta que tanto esperava. “Nem acreditei quando disseram que eu estava curada e que poderia encontrar o Davi e o Miguel”.

O encontro emocionante foi preparado pela equipe médica do hospital, tudo foi filmado e as imagens estão publicadas nas redes sociais do marido Samuel Pereira. “Inclusive, deu muita repercussão porque é uma história feliz no meio de tantas notícias tristes desta pandemia”, afirmou o pai, aliviado por estar com a família completa depois de tudo o que passou. “Hoje estamos perto dos nossos filhos, mas sabemos que podia ter sido diferente. Então, deixamos aqui nosso alerta para todos redobrem os cuidados e evitem o pior”, finaliza.

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