Um ingrediente usado pela indústria alimentícia, responsável por 11,5% das mortes por doenças coronarianas no Brasil em 2010, está com os dias contados. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), naquele ano o consumo de gordura trans pode ter causado 18.576 óbitos.
Por este motivo, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou recentemente um novo conjunto de regras que visa banir o uso e o consumo desse óleo em três anos.
A nova norma será dividida em três etapas. A primeira será a limitação da gordura na produção industrial de óleos refinados. O índice de gordura trans nessa categoria de produtos será de, no máximo, 2%. Essa etapa deverá ser totalmente aplicada até 1º de julho de 2021. As informações são da Agência Brasil.
A data marca o início da segunda etapa, que limita a 2% a presença da gordura em todos os gêneros alimentícios, até o seu banimento completo como ingrediente final em receitas para o consumidor, em 1º de janeiro de 2023. O óleo ainda poderá ser usado para fins industriais.
Sem odores
Presente principalmente em produtos industrializados, a gordura trans — ou ácido graxo trans, na nomenclatura técnica — é usada para eliminar odores desagradáveis e indesejáveis nos produtos finais. A gordura trans está associada ao aumento do colesterol ruim (LDL) e degradação do colesterol bom (HDL).
Segundo informa a Anvisa, o consumo de gordura trans acima de 1% do valor energético total dos alimentos aumenta o risco de doenças cardiovasculares. Em 2010, a média de consumo pelos brasileiros, segundo a agência, estava em 1,8%, valor considerado perigoso.
"Replace"
Em 2018, a OMS já havia sugerido um conjunto de ações, chamado de REPLACE (em português, "substituir"), para tentar eliminar a gordura trans de alimentos industrializados até 2023.
(RE)visar fontes alimentares com gordura trans produzidas industrialmente e o panorama para as mudanças políticas necessárias.
(P)romover a substituição de gorduras trans produzidas industrialmente por gorduras e óleos mais saudáveis.
(L)egislar ou promulgar ações regulatórias para eliminar gorduras trans produzidas industrialmente.
(A)valiar e monitorar o teor de gorduras trans no suprimento de alimentos e mudanças no consumo de gordura trans entre a população.
(C)onscientizar sobre o impacto negativo na saúde das gorduras trans entre formuladores de políticas, produtores, fornecedores e o público.
(E)stimular a conformidade de políticas e regulamentos.
Onde encontro a gordura trans?
Por conferir textura e crocância aos alimentos, a gordura trans é bastante usada pela indústria alimentícia na produção dos ultraprocessados, como batatas fritas e os salgadinhos de pacote, bolachas recheadas e sorvetes de massa.
Todo produto que conter na embalagem o termo "gordura parcialmente hidrogenada" está avisando o consumidor de que ali está presente a gordura trans. Confira abaixo uma lista desses alimentos:
- Sorvetes;
- Chocolates diet;
- Barras achocolatadas;
- Salgadinhos de pacote;
- Batata frita;
- Bolos e tortas industrializadas;
- Biscoitos;
- Bolachas com creme;
- Frituras comerciais;
- Molhos prontos para salada;
- Massas folhadas;
- Produtos de pastelaria;
- Maionese;
- Cobertura de açúcar cristalizado;
- Pipoca de microondas;
- Sopas enlatadas;
- Margarina;
- Cremes vegetais;
- Pães e produtos de padaria.