É comum ouvir quem afirme que não é possível engravidar durante o período de amamentação. Mas mães como Laura Nespolo Jacomet provam que isso é um mito. “Meu bebê tinha acabado de completar 7 meses e mamava bastante, quando eu descobri que esperava uma menina”, conta a curitibana, de 29 anos. “Foi um susto!”.
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De acordo com o ginecologista e obstetra André de Paula Branco, isso acontece porque as lactantes só estão protegidas de uma nova gestação quando produzem muita prolactina, o hormônio que bloqueia a ovulação. “Só que, para a mulher ter esse hormônio em quantidade suficiente para evitar uma gravidez, ela precisa atender a alguns critérios”, aponta o médico, que é diretor do GNDI Hospital e Maternidade Santa Brígida, em Curitiba.
Critérios para ficar de olho
Segundo ele, é necessário que a amamentação seja exclusiva, ou seja, sem complementação com fórmula ou alimentos sólidos. “E essa amamentação deve acontecer de seis a oito vezes por dia com, pelo menos, 15 minutos cada mamada”, explica o especialista, acostumado a ver “gestações de surpresa” no período de lactação, principalmente após a introdução alimentar do bebê, a partir dos 6 meses.
Mas, ainda que os casos de gravidez nesse período sejam mais comuns do que se imagina, muitas mulheres demoram a perceber o novo bebê, devido à ausência de menstruação durante alguns meses do puerpério. “Como não há aquele atraso comum no período menstrual para indicar uma gestação, a mulher pode se confundir”. Por isso, é necessário que a lactante fique atenta às mudanças no seu corpo para identificar outros sinais.
Como perceber?
Entre as alterações mais comuns da gestante que ainda amamenta estão mudanças no apetite, náuseas, quedas de pressão, tonturas, sensação de sonolência, aumento do volume abdominal e, depois de alguns meses, os movimentos do bebê. Só que nem sempre esses sinais indicam outra vida em desenvolvimento no útero. “Uma mulher que teve parto com muito sangramento ou que já apresentava anemia, por exemplo, também pode ter esses desconfortos durante a amamentação”, afirma o obstetra.
Além disso, como a lactação retira muitos nutrientes do organismo da mãe para compor o leite oferecido ao recém-nascido, ela precisa se alimentar de forma adequada, tomar bastante água para evitar desidratação e receber acompanhamento médico. “Tanto para verificar algum sintoma que a incomode, como para escolher um método de planejamento familiar que possa utilizar sem interferir na quantidade de leite ou na composição dele”.
No caso de Laura, por exemplo, ela até chegou a escolher uma das opções apresentadas por seu ginecologista, mas seu corpo não se adaptou. “E eu ainda amamentei até quatro meses de gestação", recorda, ao afirmar que hoje seu primogênito tem 1 ano e 7 meses, e a caçula está completando o primeiro trimestre de vida, trazendo muita alegria à família. "Me assustei bastante no começo, mas hoje os dois são minha razão de existir”, finaliza.