Dores de cabeça do tipo enxaqueca são comuns entre crianças e adolescentes. E os gatilhos para essa condição podem ser diversos, apesar de, muitas vezes, não existirem causas detectáveis.
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Entre adolescentes, pesam no surgimento das dores de cabeça o período pré-vestibular, pela autocobrança e cobrança dos pais; enquanto na criança pesam no aparecimento da enxaqueca se os pais têm relacionamento conjugal ruim ou dão pouca atenção a ela. “E se a criança ou adolescente tiver um componente genético, assim podem se iniciar as crises”, diz o neurologista Paulo Faro, do Instituto de Neurologia de Curitiba, a partir de sua experiência clínica.
Gatilhos
Veja quais são os possíveis gatilhos da enxaqueca infantil, com informações do neurologista Paulo Faro e do neuropediatra Antônio Carlos de Farias, do Hospital Pequeno Príncipe, e fique de olho:
- Psicológicos: estresse (agendas ocupadas), ansiedade e depressão. O estresse não é a única causa das dores, embora torne as enxaquecas mais difíceis de gerenciar.
- Fisiológicos: febre ou doença, falta de refeição, fadiga e privação ou excesso de sono, menstruação.
- Ambientais: luz fluorescente, luz brilhante, luz cintilante, mudanças de pressão barométrica, altitude alta ou mudança de altitude, odores fortes, telas de computador ou mudanças rápidas de temperatura. Esforço físico, traumatismo craniano menor (como ser atingido na cabeça com uma bola) e viagens ou movimento.
- Alimentares: queijos e derivados, cafeína, chocolate, chá mate, embutidos em geral (presunto e enlatados com conservantes), refrigerantes.
Sinais variam
As enxaquecas têm sinais diversos se a criança é pequena ou se já se é um pré-adolescente ou ainda mais velho. Segundo os especialistas, os pais devem valorizar a queixa de cefaleia na criança e não achar que "logo passa", visto que os próprios adultos não suportam por muito tempo uma forte dor de cabeça.
“Fique atento, acolha e investigue quando sintomas forem recorrentes. Mesmo que seja emocional, há sempre um fator subjacente que precisa ser esclarecido e tratado”, diz o neuropediatra Antônio Carlos de Farias.
A enxaqueca pode ser diagnosticada quando se tem pelo menos cinco crises de dor de cabeça na vida, com duração de 4 a 72 horas. Se for criança, de 2 a 72 horas. “Geralmente ela é uma dor unilateral, alternante, não sempre no mesmo local, que lateja, de moderada a forte intensidade e associada a outros sintomas: incômodo com luz, barulho, enjoo e até ter vômito”, diz o neurologista Paulo Faro.
“Também é comum que a criança não consiga se concentrar ou funcionar efetivamente durante ou logo após os episódios, tendendo a ficar mais quieta que o normal, segundo Farias.
E a fase da dor de cabeça pode estar associada a muitos sintomas, que mudam com a idade:
Crianças até 10 anos
Dores de cabeça frontais bilaterais com náuseas associadas, dor abdominal, vômito, fotofobia, fonofobia e necessidade de dormir. Crianças maiores podem ter aura precedente (visões turva, de linhas em ziguezague, de pontos cintilantes ou pretos, perda de campo visual e distorções de tamanho). Podem ocorrer ainda auras caracterizadas por dormência ou formigamento, déficits de fala e/ou linguagem, déficits motores, perda de atenção, confusão, amnésia, agitação ou vertigem, disartria, zumbido, diplopia e hiperacusia.
Adolescentes
Geralmente têm dores bitemporais, e posteriormente temporais unilaterais, embora os locais e intensidade da dor muitas vezes mudem dentro ou entre os ataques.