Fumantes e ex-fumantes tendem a sentir mais dor do que alguém que nunca foi exposto ao cigarro, segundo estudo. Pesquisadores da University College London (UCL) analisaram a percepção de dor de mais de 220 mil pessoas do Reino Unido e descobriram que os efeitos do tabagismo no quesito da dor perduram mesmo entre quem largou o cigarro.
A pesquisa foi conduzida entre os anos de 2009 e 2013 e dividiu os participantes em três grupos: quem nunca havia fumado antes, quem havia fumado pelo menos uma vez e quem era fumante naquele momento da vida.
Em seguida, foram questionados sobre a intensidade da dor que haviam vivenciado nas últimas quatro semanas, e se havia afetado a rotina, como trabalho e cuidados com a casa. Fatores que poderiam interferir nos resultados, como saúde física, personalidade, sintomas de depressão e ansiedade e consumo de álcool, foram considerados durante o estudo.
Hormônios afetados pelo cigarro
Como resultado, os pesquisadores perceberam que tanto quem havia fumado em algum momento da vida quanto os fumantes atuais apontavam sentir altos níveis de dor em comparação aos participantes que nunca haviam fumado. Essa diferença foi vista em todas as faixas etárias, inclusive entre os 16 e 34 anos – período em que não se espera que doenças relacionadas ao cigarro apareçam.
Para a pesquisadora e autora principal do estudo, Olga Perski, o efeito do cigarro na sensação de dor estaria relacionado à interferência na produção hormonal do organismo. "Isso pode ocorrer devido aos efeitos negativos do cigarro para o retorno hormonal ou devido a lesões não diagnosticadas nos tecidos. É algo que certamente deve ser analisado mais a fundo", disse em entrevista divulgada pelo site da instituição.
"Não podemos descartar outras diferenças entre os ex-fumantes e os que nunca fumaram que poderiam gerar esses resultados impressionantes, mas temos que considerar a possibilidade de que fumar diariamente em qualquer momento traga como consequência o aumento nos níveis de dor mesmo depois de abandonar o cigarro", explica Perski, que faz parte do departamento de Ciências Comportamentais e da Saúde da UCL.
Ainda, a autora alerta que, visto que há uma possibilidade de o cigarro aumentar o risco de dor crônica por toda a vida, esse deveria ser mais um importante motivo para não fumar.