Neste 20 de março o verão dá adeus com algumas boas lembranças para quem conseguiu curti-lo de algum modo em meio à pandemia. Para quem se expôs ao sol de maneira excessiva, também ficam as manchas, que têm tratamento.
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Entre os tipos mais comuns de lesões benignas de pele causadas pelo sol estão, segundo o médico dermatologista Roberto Tarlé, as sardas ou efélides, com forte base genética, e o lentigo solar. “A exposição solar crônica leva a alterações em duas importantes células da pele, o queratinócito e o melanócito: o raio ultravioleta faz mutações com genes envolvidos na pigmentação da pele, o que ocasiona um acúmulo de melanina (pigmento da pele) na camada basal da epiderme”, explica ele, que também é professor da Escola de Medicina da PUCPR.
Esse acúmulo ocorre pelo aumento da atividade da enzima tirosinase, responsável pela produção de melanina, segundo Maria Paulina Kede, do Departamento de Cosmiatria Dermatológica da Sociedade Brasileira de Dermatologia. “Além da exposição solar, outras condições podem contribuir para o surgimento de manchas como predisposição genética, medicamentos fototóxicos, estímulos hormonais (anticoncepcionais orais e gravidez) e doenças endocrinológicas (síndrome de Cushing)”, diz ela, alertando que melanoses solares não desaparecem só com cremes clareadores ‘mágicos’ e não se transformam em câncer.
Tipos de pele
Geralmente as sardas ocorrem em peles novas e claras, enquanto o lentigo solar atinge os mais velhos e de pele mais escuras. “São os fototipos III e IV, na escala de I a VI, sendo I a pele mais clara”, diz o médico, assinalando que lentigos solares atingem também quem tem histórico de queimaduras solares e exposição recorrente ao sol. “Com o tempo, sardas tendem a diminuir, mas lentigos tendem a aumentar, sendo mais frequentes após os 50 anos”, diz.
Se a ideia é tratar a mancha solar, o trabalho do dermatologista é primeiramente, diz Tarlé, avaliar se há risco aumentado de câncer de pele, decorrente da exposição solar, sendo importante realziar o diagnóstico diferencial de melanoma (um tipo de câncer de pele).
Tratamentos disponíveis
Entre as manchas mais comuns e que podem ser verificadas em exame clínico e com o dermatoscópico, diz Maria Paulina, estão as melanoses solares (manchas amarronzadas provenientes do sol), melasma, fitofotodermatoses (queimadura causada pela reação do componente químico da substância como o limão com o sol) e nevos (pintas e câncer de pele).
“Para as manchas solares, os melhores tratamentos são a luz intensa pulsada, peelings químicos, médios com ácido tricloroacético (TCA) e lasers fracionados ablativos”, diz ela. Somam-se a eles, de acordo com Tarlé, o uso de ácido retinóico, hidroquinona de forma local em creme ou gel, crioterapia e fontes de luz.
Para Maria Paulina, não existe um medicamento totalmente eficaz contra as manchas solares, sendo o ideal recorrer a medidas de prevenção e tratamento do envelhecimento com protocolo que inclui fotoprotetores de uso tópico, antioxidantes, clareadores e renovadores celulares. “Pode-se complementar o tratamento com os antioxidantes orais e o polypodium leucotomos, que age auxiliando no reparo ao dano do DNA causado pela exposição solar”, diz ela.
Evite exposição
Durante e logo após o tratamento os pacientes devem evitar a exposição ao sol, para que a lesão não siga progredindo e também que essa exposição não interfira na efetividade do tratamento. “O ideal é que o paciente mude a sua filosofia em relação à exposição solar, uma vez que o principal gatilho para o surgimento dessas manchas é a radiação solar”, diz ela.
O tempo de tratamento é variável e individual, dependendo também da intensidade do dano e tipo de tratamento escolhido, da localização e da quantidade de manchas.
Segundo Tarlé, todos deveriam ser submetidos a uma avaliação dermatológica anual, pois que às vezes uma mancha que parece ser inocente, somente com impacto estético, pode ser um melanoma. E é nesse momento que os efeitos do tratamento precoce mudam o prognóstico.