Estudo inédito mostra que o medicamento é mais eficaz depois de sete dias, o que ajuda na redução nas internações por Covid-19.| Foto: Bigstock
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O vermífugo nitazoxanida reduz a carga viral em pacientes com covid-19 e demonstrou benefício na resolução dos sintomas da doença após sete dias de seguimento. Essa é a conclusão de um artigo que traz os dados completos do estudo financiado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia e Inovações (MCTI). Os resultados parciais foram apresentados em uma cerimônia no Palácio do Planalto que causou polêmica na segunda-feira.

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Na ocasião, o governo federal usou um gráfico de barras tirado de um banco de imagens para ilustrar a eficácia do medicamento. No vídeo de apresentação da conclusão do estudo, um narrador afirma, ao mesmo tempo em que o gráfico é mostrado, que "o resultado comprovou de forma científica a eficácia do medicamento na redução da carga viral na fase precoce da doença".

Na data do evento, o ministro Marcos Pontes justificou que o estudo completo não foi apresentado, pois os dados precisavam ser inéditos para a publicação em periódico científico.

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Os dados completos foram publicados sexta-feira (23), na plataforma medRxiv, que reúne artigos na versão pré-print, ou seja, que ainda não foram publicados em revistas científicas nem passaram por revisão de outros pesquisadores.

De acordo com informações do artigo, 392 pacientes participaram do estudo, dos quais 194 tomaram nitazoxanida durante cinco dias e 198 receberam placebo. Foram incluídos na pesquisa somente doentes com quadros leves, ainda nos cinco primeiros dias de sintomas.

Após cinco dias de tratamento, o número de pacientes que ainda apresentavam sintomas era similar nos dois grupos: tanto o medicado quanto o placebo, o que indica que a administração da droga não fez diferença. Esse era o chamado "desfecho primário" avaliado no estudo, ou seja, o principal indicador de monitoramento.

Já no acompanhamento dos pacientes após uma semana, considerado "desfecho secundário", o percentual de doentes que relataram completa resolução dos sintomas foi de 78% no grupo que tomou nitazoxanida e 57% no grupo placebo, o que representa diferença estatisticamente significativa.

O índice de pacientes que apresentaram exame PCR negativo após sete dias também foi maior entre o grupo medicado: 29,9% ante 18,2%. Não foram observadas diferenças significativas de ocorrência de eventos adversos entre os dois grupos.

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Para a infectologista Raquel Stucchi, professora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a negativação mais precoce do PCR pode ter efeito positivo se reduzir o tempo que o doente transmite o vírus.