Pesquisadores brasileiros avaliaram dados laboratóriais de 178 mil pacientes e verificaram diferenças entre homens e mulheres.| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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Um estudo brasileiro avaliou parâmetros laboratoriais de 178 mil pacientes no país, sendo que 33 mil haviam recebido a confirmação do diagnóstico da Covid-19. O objetivo era, a partir dos dados coletados das amostras, entender qual era o impacto do sexo e da idade na infecção do novo coronavírus.

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Nos resultados, os pesquisadores perceberam diferenças entre os dados laboratoriais de homens e mulheres, e viram que um maior risco de Covid-19 mais grave, e de maior mortalidade, estava entre os homens idosos. Isso porque, nas amostras masculinas, haviam marcadores inflamatórios mais elevados em comparação com as amostras de mulheres idosas.

Ainda entre os homens, destacavam-se os biomarcadores de inflamação, como a proteína C reativa e a ferritina. Já os marcadores que indicavam uma função hepática anormal eram comuns em diferentes faixas etárias, exceto entre mulheres jovens.

Dos dados coletados das amostras, estavam a contagem completa das células sanguíneas, os eletrólitos, metabólitos, gases no sangue arterial, enzimas, hormônios, biomarcadores de câncer, entre outros. A pesquisa foi conduzida por equipes da Universidade de São Paulo, da Fundação Oswaldo Cruz, da Bahia, além de outras instituições.

Os resultados foram divulgados pela Agência Fiocruz de Notícias e pela Agência Brasil.

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Complicações diferentes

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A pesquisa destaca ainda que homens e mulheres podem ter complicações diferentes da Covid-19. Mais da metade dos homens (50,4%) diagnosticados foi identificado com coagulopatias, ou dificuldades no processo de coagulação. Entre as mulheres, esse problema foi apontado em 39,7%.

Ao olharem apenas para os dados de pacientes internados em Centros de Tratamento Intensivo (CTI), os pesquisadores destacam que as diferenças diminuem. Mais de 91% dos homens tinham problemas na coagulação. No caso das mulheres, 82,8% delas apresentavam a mesma dificuldade.

"As mudanças eram mais destacadas em homens mais velhos, embora uma vez que os pacientes fossem admitidos na UTI [Unidade de Tratamento Intensivo] perfis muito semelhantes foram observados entre homens e mulheres", afirmam os pesquisadores no artigo da pesquisa, que foi publicado no periódico científico International Journal of Infectious Diseases no início de abril.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]
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Tempestade de citocinas

Uma das hipóteses levantada pelo estudo se relaciona à chamada "tempestade de citocinas". Na tentativa de controlar a infecção pelo Sars-CoV-2, alguns organismos acabam tendo uma resposta inflamatória exacerbada, com a produção exagerada das citocinas - substâncias produzidas pelo sistema imunológico para regular a inflamação.

Para os pesquisadores, pacientes mais idosos e do sexo masculino teriam uma tendência a ter esse descontrole maior da inflamação, devido à "tempestade de citocinas". Isso geraria um agravamento do quadro da doença, predispondo a um risco maior de mortalidade pela doença.