A pandemia fez com que a relação de muitas pessoas com o seu trabalho mudasse bastante. Seja com a transição para o home office, com o aumento da carga de trabalho ou com a própria carga de temer o contágio, uma série de profissionais acabou experimentando a chamada de síndrome de Burnout, ou síndrome do esgotamento profissional, um distúrbio psíquico caracterizado pelo estado de tensão emocional e estresse provocados por condições de trabalho desgastantes.
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Não se trata de um estresse ocasional causado por razões ligadas ao trabalho, nem mesmo de uma crise de ansiedade isolada. “A diferença entre a síndrome de Burnout e a crise de ansiedade é que essa última acontece esporadicamente em determinado espaço de tempo, enquanto a primeira desenvolve sintomas fixos”, explica a psicóloga Wilsimara Souza.
Trata-se, portanto, de um estresse crônico, que acabam dando origem a sintomas psicossomáticos, e sempre associado ao ambiente de trabalho. “Alguns dos sintomas mais comuns são dormir e sentir que não descansou, dores de cabeça frequentes, cansaço excessivo, a sensação de que a mente não desliga, distúrbios alimentares e crises de ansiedade”, elenca Vanessa Carine Gil, doutora em Ciências do Cuidado em Saúde pela Universidade Federal Fluminense (UFF).
Prevenção e tratamento
Segundo Wilsimara, o diagnóstico da síndrome é realizado em ação conjunta entre psicólogo e psiquiatra. “A partir disso, é possível administrar o que está no seu controle e no seu alcance. O limite é muito individual e cada um tem seu tempo, espaço e modo de lidar”, diz a psicóloga. “A melhor maneira de se prevenir é se conhecendo. A partir do momento em que conheço meu corpo e meu emocional, eu sei até onde posso ir e preciso respeitar esse limite”.
Mas é claro que no âmbito da prevenção as empresas desempenham um papel essencial. “Na verdade não é um problema do trabalhador, é um problema do trabalho”, afirma Vanessa, indicando que submeter-se a condições de estresse constante por mais de seis meses pode levar qualquer trabalhador de qualquer área à síndrome de Burnout.
Por isso, é importante o trabalhador ficar de olho em qualquer esgotamento mental que advenha das condições de trabalho, buscando cuidados antes que um agravamento desse estado desemboque na síndrome de Burnout. Muitas vezes, pode ser tentador achar que a vida profissional é assim mesmo, ou considerar que é impossível desacelerar, sob o risco de ficar sem trabalho. Porém, como diz Wilsimara, sem saúde, não tem trabalho. “Cuidar da saúde mental é essencial para você se manter e dar o básico para você e sua família” finaliza a psicóloga.