Que gravidez não é doença, todos sabem. No entanto, a quantidade de sintomas que a gestante apresenta já nos primeiros três meses de gravidez é tão grande que interfere, sim, em sua rotina e pode superar, com facilidade, os efeitos causados por diversos problemas de saúde. “Isso ocorre para que o corpo da mulher possa se adaptar à gestação”, explica a médica Rita Maira Zanine, presidente da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Paraná (Sogipa).
Claro que nem todos os sinais preocupam ou são difíceis de lidar, mas alguns interferem na alimentação da gestante, afetam sua capacidade de atenção e diminuem a disposição que ela tem para atividades do dia a dia. E isso desde o primeiro mês, pois, segundo a especialista, um hormônio chamado gonadotrofina coriônica humana (HCG) aumenta rapidamente após a fecundação, causando náuseas e mal-estar já nas primeiras semanas.
Além disso, a nutrição do bebê gera queda na pressão arterial da mãe, o que favorece tonturas e desmaios em lugares fechados ou abafados. “E, com o crescimento do útero, há compressão da bexiga, resultando no desejo constante de urinar”, comenta a ginecologista, ao citar ainda sintomas como vômito, irritabilidade, sensação de retenção de líquido e uma forte dor nos seios, que ocorre devido ao aumento do hormônio progesterona.
No caso da youtuber Patricia Moreira - responsável pelo canal “Boa Gravidez” – esse sintoma foi tão intenso que, antes mesmo de confirmar que esperava um bebê, ela já tinha dificuldade para dormir de bruços, vestir um sutiã ou abraçar alguém devido à dor que sentia. “Essa sensibilidade é muito mais intensa do que a da TPM”, comenta a curitibana, que também sentiu fisgadas no “pé” da barriga, suspeitou que pudesse estar grávida e fez um teste de farmácia para confirmar. “Como minha gravidez tinha sido planejada, percebi esses primeiros sintomas antes mesmo do atraso na menstruação”, recorda.
E não demorou até que outros sintomas como sono e enjoos aparecessem. “O mal-estar era tão forte que, quanto mais eu me movimentava, mais ele piorava. Aí eu tinha que ficar em repouso”, conta Patricia, que tentava evitar os temidos vômitos diminuindo de forma significativa a intensidade de sua rotina.
Só que nem todos os efeitos da gravidez trazem incômodos assim e alguns, como as tradicionais “vontades” sentidas pela mulher devido à falta de algum nutriente no organismo renderam risadas e boas histórias à youtuber. “Tive um desejo muito grande de tomar caldo de cana, por exemplo, e fiz meu marido me levar bem tarde da noite ao shopping só para isso”, lembra.
“A intensidade dos sintomas depende de cada mulher. Então, não dá para saber previamente quem irá apresentar cada um deles ou quem terá maior desconforto”
Assim como ela, muitas mulheres sentem esse e outros sintomas “diferentes” no início da gestação e enviam mensagens ao canal “Boa Gravidez” para contar o que passaram. Por isso, a curitibana fez uma lista com os principais efeitos que suas seguidoras já sentiram e apresenta abaixo quais são eles. “Lembrando que a intensidade dos sintomas depende de cada mulher. Então, não dá para saber previamente quem irá apresentar cada um deles ou quem terá maior desconforto”, aponta a presidente da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Paraná (Sogipa).
- Gosto ruim na boca: as alterações hormonais afetam a sensibilidade do paladar e algumas mulheres podem notar um gosto metálico na boca.
- Intestino preso: o organismo absorve mais água no início da gestação e isso deixa a passagem pelo intestino mais difícil.
- Náuseas e mal-estar: o hormônio gonadotrofina coriônica humana (HCG) aumenta após a fecundação e costuma causar enjoos já nas primeiras semanas.
- Perda de memória recente: a elevação na taxa de progesterona causa alterações cerebrais, principalmente na área responsável pela atenção e memória da mulher.
- Queda na pressão arterial: para que o sangue chegue ao feto, os vasos sanguíneos se dilatam e a pressão arterial diminui, o que pode causar tontura ou desmaios.
- Vômito: algumas mulheres apresentam a hiperêmese gravídica no início da gestação com vômito e desidratação frequentes. O quadro requer tratamento, maior ingestão de líquido e alimentação a cada duas ou três horas.
- Sensibilidade olfativa: o aumento do hormônio estrógeno deixa o olfato da mulher mais aguçado e até cheiros sutis podem ser notados e causar enjoos.
- Irritabilidade: a imensa alteração hormonal também afeta o temperamento da futura mamãe e pode deixá-la irritada e ansiosa.
- Mudanças de humor: ao mesmo tempo em que está brava, a grávida pode ficar triste, deprimida ou exausta, a ponto de deitar para dormir no meio da tarde.
- Sensibilidade intensa: chorar passa a ser algo frequente, pois a sensibilidade da mulher aumenta nessa fase.
- Forte dor nos seios: acontece devido ao aumento do hormônio progesterona no início da gestação e do crescimento acelerado dos seios.
- Cólicas: as fisgadas no “pé” da barriga podem ser mais ou menos intensas desde o primeiro mês de gestação devido ao crescimento do útero.
- Vontade frequente de urinar: o crescimento do útero também pressiona a bexiga da gestante, que passa a sentir mais vontade de ir ao banheiro.
- Aumento ou queda no desejo sexual: a intensa produção hormonal interfere na libido da mulher durante toda a gravidez.
- Sangramento na gengiva: o aumento no fluxo sanguíneo nessa fase pode fazer a gengiva sangrar durante a escovação.
- Gases ou inchaço abdominal: a relaxina, que é o hormônio do relaxamento, prepara o corpo para o parto e atua nos músculos gastrointestinais. Por isso, a digestão fica mais lenta e os gases aumentam.
- Olhos ressecados: a mudança na lubrificação dos olhos na gravidez pode trazer sensação de coceira, sensibilidade à luz, irritação e desconforto, principalmente para quem usa lentes de contato.
- Retenção de líquido: o aumento de peso e a sobrecarga nas pernas faz com que esse seja um desconforto típico em toda a gestação.
- Corpo dolorido: é comum a mulher sentir seu corpo mais pesado e dolorido, como se estivesse prestes a pegar uma forte gripe.
- Veias aparentes: comum nos seios, braços, mãos e pernas, as veias se manifestam devido ao intenso fluxo sanguíneo que leva oxigênio e nutrientes ao feto.
- Aparecimento de vasinhos nas pernas e coxas: ocorre no inicio da gravidez e pode se estender durante toda gestação.
- Acne: a intensa produção de hormônios no início da gravidez aumenta a quantidade de acne e espinhas no rosto e nas costas da gestante.
- Desejo por frutas ácidas: como a mulher precisa de vitaminas com o ácido fólico no início da gravidez, é comum ela apresentar desejo por suco de laranja ou suco de limão.
- Vontades incomuns: caso a gestante esteja com deficiência de outros nutrientes, também pode sentir vontade de ingerir alimentos que não está habituada.
- Muito calor: ocorre devido ao estrogênio, hormônio que favorece a dilatação dos vasos sanguíneos, e a forma de lidar com esse sintoma é tomar bastante líquido, além de vestir roupas claras e leves.
- Crescimento acelerado dos cabelos: resultado da liberação de hormônios e da grande quantidade de vitaminas presente no organismo nessa fase.
- Sonhos frequentes: além de ocorrerem várias vezes, podem estar cheios de detalhes durante a gravidez.
- Crescimento dos pés: o corpo produz um hormônio responsável por afrouxar as articulações durante a gestação e essa substância pode alongar os pés, fazendo com que e cresçam até 10 milímetros.
- Falta de ar: é mais comum a partir do quarto mês devido ao crescimento do bebê comprimir o diafragma, mas também pode ocorrer no início da gravidez em mulheres com problemas respiratórios, circulatórios ou anemia.
- Implicância com alguém: por fim, muitas grávidas relatam que tiveram antipatia com algum parente ou amigo durante toda a gestação. Isso pode ocorrer devido à explosão de hormônios e tende a voltar ao normal depois do nascimento do bebê.