Não é de hoje que muitas mulheres têm optado por ter filhos um pouco mais tarde e a ciência contribuiu muito para isso. São cada vez mais comuns os relatos de pessoas perto dos 40 anos que decidiram e conseguiram realizar o sonho de ser mães. Só que anos depois do nascimento dos filhos vêm uma questão: quando as mães entram na menopausa precisam lidar com toda a carga emocional que isso acarreta tendo que conviver com a explosão hormonal dos filhos adolescentes.
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Não é fácil, mas é possível sobreviver. É o que garante a psicóloga Eloisa Feltrin. O mais importante para lidar tanto com as dúvidas e questionamentos pessoais quanto como a efervescência de questões que envolvem um adolescente é inteligência emocional. “Muitas vezes as demandas dos nossos filhos são comportamentos nossos. As brigas com eles vêm dos nossos próprios problemas”, ressalta.
Rejane Casare, obstetra do Hospital Nossa Senhora das Graças, esclarece que a menopausa é um marco de tempo. Caracteriza-se por um ano inteiro sem ciclo menstrual. O normal é que isso ocorra a partir dos 40 anos, mas os períodos menstruais regulares não cessam de uma hora para outra, segundo a médica. Antes disso, os ciclos começam a ficar menos espaçados para então virem períodos de dois ou três meses sem menstruar.
Esse processo é o que se chama de perimenopausa e acontece porque a mulher vai perdendo os óvulos ao longo do tempo. Em um cenário ideal, com um estilo de vida saudável, a partir dos 35 anos, de acordo com Rejane, ocorre uma queda de fertilidade e aos 40 anos os efeitos são mais sentidos. E é justamente aí que vêm as principais alterações nos hormônios.
“Por causa da alteração hormonal, tem alterações físicas e comportamentais. A pele fica mais seca, assim como as mucosas. É muito comum aumentar índice de depressão, ansiedade e algumas mulheres ficam mais estressadas”, explica a médica. Essas mudanças todas causam sofrimento e, em vários casos, se associam a ondas de calor que atrapalham o sono e, com menor incidência, provocam insônia.
Mesmo para quem é bem resolvida com isso, esse período pode representar frustração e envolver questões delicadas. Maria Eduarda Cavalcanti, dona de casa e mãe de duas meninas, conta que quando entrou na menopausa, mesmo sabendo que isso ia acontecer, sentiu o baque. “Eu não queria mais filho, estava muito satisfeita com a minha vida, mas saber que não poderia mais gerar um bebê, me fez sentir como se eu fosse inútil”, revela.
E esse sentimento é bastante comum, afirma a psicóloga. “Não é só a questão de não gerar uma criança. Nosso corpo não entende as questões sociais que a gente vive. É o fim do ciclo reprodutivo, mas o início de um outro ciclo ainda muito útil e funcional”, reforça Eloisa.
Rejane enfatiza a importância de ter um bom ginecologista para acompanhar esse período e se conhecer. “Não tem como prevenir. Toda mulher vai passar por isso”, lembra ela. A orientação é chegar nesse período da vida da melhor forma possível: com alimentação saudável, exercício físico, maior consumo de cálcio, pois começa a ocorrer a perda de massa óssea e garantir bons níveis de vitamina D com exposição ao sol.
Não menos importante do que todo esse cuidado com o corpo é conseguir manter um diálogo com os filhos a ponto de explicar essa fase. Até porque, como destaca Eloisa, mesmo que sejam filhos homens, em algum momento da vida eles vão acompanhar alguma mulher que passe por essa etapa e que a questão da sexualidade não pode ser um tabu em casa.