Dados preliminares do estudo clínico de fase 3 da vacina Sputnik V, desenvolvida pelo Instituto Gamaleya, na Rússia, foram publicados na revista científica The Lancet nesta terça-feira (2), e reforçam - e até melhoram - o número divulgado pela desenvolvedora no início de dezembro. A vacina contra a Covid-19 teve uma eficácia de 91,6% contra casos sintomáticos, segundo a publicação.
Contra casos moderados e graves, o imunizante teve uma eficácia de 100%. O estudo clínico envolveu quase 20 mil participantes, distribuídos por 25 hospitais e clínicas em Moscou. Os voluntários foram divididos em dois grupos: os que receberam as duas doses da vacina, e os que receberam duas doses de placebo.
Do primeiro grupo, que recebeu o imunizante, 16 pessoas tiveram a Covid-19 confirmada, enquanto que no grupo placebo foram 62 pessoas. Na diferença proporcional, os pesquisadores calcularam a eficácia de 91,6%.
Assim, a vacina conseguiu reduzir em 91,6% os casos de Covid-19, em comparação ao grupo que não recebeu o imunizante. A publicação em uma revista científica significa que os resultados encontrados pelos pesquisadores do Instituto Gamaleya foram revisados por outros cientistas.
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Idosos testados
Dentre os critérios de elegibilidade para participar dos estudos, os voluntários deveriam ser maiores de 18 anos, sem limite máximo de idade.
Em uma subanálise por faixas etárias, os pesquisadores perceberam que, no grupo de pessoas acima de 60 anos, a eficácia chegou a 91,8%. Em todos os subgrupos divididos por idade ou gênero, a eficácia da vacina ficou acima de 87%.
Com relação à segurança do imunizante, segundo a publicação, nenhum efeito colateral sério foi associado à vacina. Além disso, a maioria dos eventos adversos foi considerado leve, como mal estar e dor no local da aplicação.
Vacina Sputnik V
A estratégia da vacina Sputnik V para ensinar o sistema imunológico a se defender do novo coronavírus é o vetor viral. Os pesquisadores usam um vírus diferente — no caso o adenovírus, causador do resfriado comum —, retiram o material genético e incluem as informações genéticas da superfície do novo coronavírus para que o adenovírus sirva quase como uma "fantasia", e ensine o sistema imunológico a combatê-lo.
A estratégia é similar à abordagem da vacina da Universidade de Oxford/AstraZeneca, que também usa o adenovírus como vetor viral, mas o causador do resfriado em chimpanzés. No caso da Sputnik V, outra diferença é que cada dose imunizante (são duas doses, aplicadas com 21 dias de intervalo) é feita com um adenovírus diferente.