A eficácia da Covaxin, vacina contra a Covid-19 desenvolvida pelo laboratório indiano Bharat Biotech, apresentou uma eficácia de 80,6%, de acordo com os resultados preliminares divulgados pela farmacêutica nesta quarta-feira (03).
No Brasil, o imunizante ganhou destaque depois de as clínicas privadas manifestarem interesse em adquiri-lo, bem como o contrato de compra de 20 milhões de doses anunciado no fim de fevereiro pelo Ministério da Saúde. As primeiras doses estão previstas para chegar ao país ainda em março, mas alguns entraves podem atrapalhar esse prazo.
Um dos pontos de atenção da comunidade científica sobre a Covaxin era com relação ao dado de eficácia que, até o início de março, não havia sido divulgado pela desenvolvedora — embora a vacina tivesse tido o uso emergencial aprovado na Índia no início de janeiro. Em um comunicado publicado no site, a farmacêutica forneceu mais detalhes sobre os dados do estudo clínico de fase 3:
- Participam 25,8 mil voluntários entre 18 a 98 anos;
- Dos participantes, 2.433 têm mais de 60 anos, e 4,5 mil têm comorbidades;
Como, até o momento, apenas 43 participantes desenvolveram sintomas e receberam o diagnóstico por exame PCR (que detecta a presença genética do vírus na mucosa do nariz e faringe), os resultados divulgados são ainda preliminares, e permitiram uma análise interina.
Dos 43 casos da Covid-19 identificados no estudo, 36 pessoas estavam no grupo placebo e sete casos foram observados no grupo de pessoas que receberam a vacina. Na diferença proporcional dos dois grupos, os pesquisadores calcularam uma eficácia de 80,6% da vacina Covaxin contra casos sintomáticos da Covid-19.
"A Bharat Biotech espera compartilhar mais detalhes dos resultados do estudo clínico assim que mais dados estiverem disponíveis. Uma análise interina adicional está prevista para quando atingir 87 casos, e uma análise final está prevista para 130 casos. Todas as informações da segunda e da análise final serão compartilhadas por meio de plataformas de pré-publicação, assim como submetidas à revistas científicas com revisão por pares", avisa a farmacêutica em comunicado no site.
A análise interina divulgada também incluiu uma revisão preliminar sobre os dados de segurança. Segundo a farmacêutica, foram poucos os eventos adversos que exigiram um atendimento médico, e ocorreram tanto no grupo que recebeu a vacina, quanto no grupo controle, que recebeu o placebo.
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Ação contra variantes
Em um parágrafo, a Bharat Biotech destaca que a Covaxin induz a produção de anticorpos que poderiam neutralizar a variante inglesa do Sars-CoV-2, entre outras cepas. A afirmação da farmacêutica é feita com base em análises do Instituto Nacional de Virologia, que foram publicadas na plataforma bioRxiv, sem passar por revisão de outros pesquisadores.
Vírus inativado
A estratégia usada pela vacina Covaxin para prevenir a Covid-19 é clássica na produção de imunizantes. Trata-se do tipo de vírus inativado, ou "morto". Vacinas como a da gripe, raiva e hepatite A usam a mesma abordagem.
Das vacinas contra a Covid-19, a Coronavac, produzida pelo Instituto Butantan e pela empresa chinesa Sinovac, também recorre ao vírus inativado como estratégia.
Esse tipo de ação utiliza o novo coronavírus inteiro, mas em uma versão incapaz de causar a doença. Para isso, os pesquisadores produzem quantidades significativas do vírus em laboratórios de alta segurança e, na sequência, os "matam", ou inativam, por meio de processos físico-químicos, seja pelo calor ou por substâncias químicas.
Ao receber esse vírus inativado, o sistema imunológico "aprende" não apenas a reconhecê-lo, mas a combatê-lo. O regime de aplicação da Covaxin, também conhecido por BBV152, é de duas doses com um intervalo de 14 dias entre elas.
O armazenamento exige temperaturas que variam de 2 a 8 graus Celsius.