Começou com febre, dor de garganta ou tosse e, de repente, parou de sentir o cheiro e o gosto dos alimentos? Esses são os sintomas mais frequentes da Covid-19, que podem vir acompanhados de outros, como:
- Náusea;
- Perda de apetite;
- Dores que podem ser confundidas com sinusite;
- Cansaço;
- Dores musculares;
- Dor torácica;
- Sintomas gastrointestinais, como dores na barriga e diarreia;
- Falta de ar.
Apesar de fazer um ano desde que a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que o mundo passava por uma pandemia, o vai e vem da doença ainda gera dúvidas sobre o que fazer no caso de suspeita da Covid-19. Como por exemplo agora, no Brasil, que passa pelo auge da pandemia, com mais de duas mil e quinhentas mortes por dia, e várias cidades com leitos hospitalares em capacidade máxima.
Todo paciente com sintomas que lembram um resfriado ou uma gripe é suspeito de estar positivo Covid-19. Nessa situação, os primeiríssimos passos, de acordo com orientações da Sociedade Brasileira de Infectologia, devem ser:
- Isolar-se imediatamente de outras pessoas, para evitar a contaminação de quem não está com a doença, por pelo menos 10 dias;
- Procurar atendimento médico por consulta presencial ou por teleconsulta.
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Isolado em casa
Ainda que a pessoa não tenha feito o exame que confirma a Covid-19, mas está com os sintomas que sugerem a doença, a orientação dos infectologistas é para que fique pelo menos 10 dias em isolamento respiratório domiciliar. Isso significa ficar sozinho ou longe de outras pessoas durante esse período, para diminuir o risco de contaminar os familiares ou amigos.
Caso desenvolva sintomas mais graves da doença, que exijam internamento nas Unidades de Terapia Intensiva, ou no caso de pacientes que tenham sistemas imunológicos comprometidos, os imunodeprimidos, a duração do isolamento pode ser prolongada para 20 dias.
Para que esteja apto a sair do isolamento, o paciente deve estar sem febre nas últimas 24 horas, e deve ter contado 10 dias de isolamento respiratório desde o primeiro dia que teve os sintomas. Depois disso, nenhum exame precisa ser feito, seja o RT-PCR, seja o sorológico.
Receba orientações
Prefeituras e estados do país disponibilizam, desde ano passado, contatos telefônicos ou via aplicativos para que a população tire dúvidas ou seja orientada sobre os próximos passos. Em caso de dúvida, entre em contato com a prefeitura do seu município ou o governo estadual.
Exames: quais fazer e em que momento?
Pacientes com sintomas e com suspeita para a Covid-19 devem realizar o exame RT-PCR, que analisa a presença genética do coronavírus nas áreas do nariz e da faringe. Trata-se do exame que usa aquela longa haste para coletar a amostra via nariz ou boca do paciente.
Esse exame deve ser feito idealmente na primeira semana dos sintomas, visto que busca identificar se há algum coronavírus naquele momento. Se o resultado vier positivo, o diagnóstico para a Covid-19 é confirmado. Caso o resultado seja negativo, mas a pessoa tiver sintomas bem característicos da doença, o paciente deve se isolar da mesma forma, visto que pode ser um resultado falso-negativo.
Outro exame que pode ser feito nesse momento, e que ajudará no diagnóstico da Covid-19, é o teste do antígeno. Segundo informações da SBI, a sensibilidade desse exame é inferior ao RT-PCR, especialmente entre pessoas que não estão com sintomas ou que estão com uma baixa carga viral. Nesse caso, ainda que o resultado venha negativo, não há como excluir totalmente o diagnóstico.
Os exames sorológicos, seja os de laboratório ou de farmácia, não são indicados para esse momento da doença. Como eles buscam, pelo sangue do paciente, confirmar a presença de anticorpos formados pelo sistema imunológico contra o coronavírus – e isso não acontece nos primeiros dias de sintomas – não devem ser usados como exames de diagnóstico.
No entanto, podem ser feitos depois, por quem suspeitou ter desenvolvido a Covid-19 há meses, mas sem ter a confirmação na época. Eles também são usados por pesquisadores que estudam a disseminação do Sars-CoV-2 na população, os estudos epidemiológicos.
Avise quem esteve próximo de você
Seja com os sintomas, seja com o diagnóstico confirmado, o passo seguinte deve ser avisar quem esteve próximo da pessoa doente nos últimos dias. São chamados de contatantes próximos aqueles que:
- Tiveram proximidade com pacientes com suspeita ou com a Covid-19 confirmada sem o uso das máscaras;
- Ficaram próximos por 15 minutos ou mais;
- Não mantiveram uma distância de dois metros entre si.
Essas pessoas também precisam ficar em isolamento respiratório, e o período varia de 10 a 14 dias. É um intervalo de isolamento maior do que o indicado para a pessoa com sintomas porque o tempo que o vírus leva para desenvolver os sintomas pode variar de pessoa a pessoa.
O chamado período de "incubação" do vírus é, em geral, de dois a cinco dias, mas pode chegar a 14. Por isso a necessidade do isolamento por duas semanas.
Se os contatantes próximos permanecerem sem sintomas nos primeiros dias, podem realizar o exame RT-PCR entre o sexto e o oitavo dia após o último contato com a pessoa que desenvolveu a doença. Caso o resultado seja positivo, deve ficar 10 dias em isolamento – contados a partir da data em que realizou o exame.
Se der negativo, o isolamento pode ser mantido por apenas sete dias desde o último contato com a pessoa infectada, e depois ser liberado.
Tratando os sintomas
Uma vez isolado, os sintomas que o paciente tiver de dor, febre ou mal-estar podem ser tratados com medicamentos já conhecidos e de fácil acesso nas farmácias, como:
- Analgésicos e antitérmicos, como paracetamol e/ou dipirona, de acordo com orientação médica;
O chamado tratamento precoce, que indica a administração de drogas como hidroxicloroquina, ivermectina e azitromicina, não é indicado pela SBI por não ter obtido, até o momento, eficácia cientificamente comprovada no tratamento à Covid-19. Grupos de médicos no Brasil e no mundo têm defendido o uso deste tratamento com base em resultados obtidos empiricamente.
O Conselho Federal de Medicina (CFM) deliberou, no parecer n.° 4/2020, que "é decisão do médico assistente realizar o tratamento que julgar adequado, desde que com a concordância do paciente infectado — elucidando que não existe benefício comprovado no tratamento farmacológico dessa doença e obtendo o consentimento livre e esclarecido".
O CFM é uma entidade voltada à fiscalização e normatização da prática médica no Brasil. A SBI é uma sociedade da especialidade que representa os especialistas de Infectologia no Brasil.
Atenção aos sintomas
Ao longo dos dias em isolamento, mas principalmente entre o quinto e o sétimo dia de sintomas, é importante ficar atento a sinais de gravidade. De acordo com orientações do Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos, CDC na sigla em inglês, os sinais que indicam maior gravidade da doença são:
- Dificuldade para respirar;
- Dor ou pressão persistente no peito;
- Confusão mental;
- Incapacidade de acordar ou se manter acordado;
- Pele, lábios ou unhas pálidos, cinzas ou azulados;
Sabe-se, hoje, que alguns grupos de pacientes têm um risco aumentado de complicação pela doença, como:
- Acima de 60 anos;
- Doenças crônicas: diabete, insuficiência cardíaca, enfisema pulmonar, imunodeprimidos, insuficiência renal crônica, obesidade;
De acordo com dados do Boletim Epidemiológico nº 52 do Ministério da Saúde, que reúne informações da última semana de fevereiro de 2021, dos 30 mil óbitos por Covid-19 registrados do início de 2021 até aquele momento, 63% dos pacientes tinham pelo menos uma comorbidade. Problemas cardíacos e diabete foram as mais frequentes.
A SBI indica o uso de oxímetros digitais entre pacientes com risco para a Covid-19 mais grave. A avaliação deve ser feita diariamente, a partir do uso do aparelho no dedo. Confira aqui como o aparelho funciona.
Como a pneumonia com hipóxia, que é a redução do oxigênio circulante pelo sangue, geralmente acontece por volta do sétimo dia de sintomas, esse é um período de maior atenção para se usar o oxímetro.
"Ao se detectar esta pneumonia com hipóxia, o que ocorre, em geral, quando o comprometimento pulmonar é igual ou superior a 50%, o tratamento hospitalar com oxigenioterapia, dexametasona (corticoide) e heparina (anticoagulante) profilático fará com que a maioria dos pacientes evoluam bem e sem necessidade de ventilação mecânica (respirador) na UTI", destacam os infectologistas em uma recomendação da SBI divulgada no site da instituição.
A versão atualizada desta reportagem inclui esclarecimentos sobre o parecer do CFM que não constavam na versão original