Antes do retorno presencial nas escolas, pais devem reforçar alguns cuidados para evitar a transmissão do novo coronavírus.| Foto: Bigstock
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Mais do que levar dois pares de tênis para a escola, os alunos que retornarão às salas de aula para o novo ano letivo precisam colocar na mochila entre duas a três máscaras, dependendo do período que ficarem fora de casa, bem como saber trocá-las adequadamente.

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Sabe-se hoje que as principais formas de transmissão do Sars-CoV-2 são pelas gotículas que saltam da boca ou nariz da pessoa contaminada e podem cair nas mucosas alheias, ou por meio de gotículas menores que a saliva, os chamados aerossóis, capazes de ficar suspensos no ar. Por isso o uso da máscara é recomendado como forma de evitar a disseminação do vírus, indicado pelo Ministério da Saúde, além de outras instituições, como a Organização Mundial da Saúde.

Durante o período que a criança passar fora de casa, de acordo com Victor Horácio, médico infectologista pediátrico do Hospital Pequeno Príncipe, as máscaras precisam ser trocadas a cada duas horas, pelo menos. "Ou sempre que a máscara sujar ou que a criança transpirar, e a máscara estiver úmida. Não tem necessidade de levar dois tênis, mas sim mais máscaras", explica o especialista.

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Máscaras para crianças acima dos 2 anos

O item vale para crianças maiores de 2 anos, segundo recomendação da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), que sugere máscaras de pano, com duas camadas, desde que estejam bem ajustadas ao rosto da criança, cobrindo do nariz até o queixo.

Como as crianças menores de 2 anos salivam mais intensamente, com vias áreas menores, e não têm ainda total domínio motor, o uso da máscara aumenta o risco de sufocação e, por isso, o item é dispensado nessa faixa etária.

Entre os 2 e 5 anos, a recomendação da SBP é para que os pais ou responsáveis supervisionem o uso – por isso, idealmente, a criança deve aprender, em casa, como utilizar a máscara, além de saber como retirá-la e colocá-la adequadamente.

"Eu acredito que o uso das máscaras foi muito intensificado no ambiente domiciliar, com treinos com os pais. Não deve ser um problema na escola. A criança que tiver problemas, muito provavelmente, não teve as instruções em casa", explica o médico infectologista pediátrico.  

Ainda segundo a SBP, mesmo os alunos que tiverem inicialmente dificuldades com o item, "considera-se o potencial pedagógico da atividade, para que aprendam a usá-las em ambiente lúdico e que estimule esse aprendizado", destacam os pediatras no documento emitido pela SBP no dia 26 de janeiro.

Passo a passo

No caso de dúvida de quais são as etapas na hora de trocar a máscara do rosto, o Sempre Família relembra:

  • Antes de encostar nas máscaras, a criança deve higienizar bem as mãos;
  • Depois de higienizadas, as mãos devem encostar apenas nos elásticos, e não no tecido na frente do rosto. Primeiro uma orelha, depois a outra;
  • A máscara usada deve ser guardada em um saco plástico;
  • Na sequência, a criança deve lavar a mãos novamente e pegar a máscara nova;
  • Mostre à criança que a máscara deve estar bem ajustada ao rosto, de forma que ela sinta que o ar não está saindo ou entrando pelas laterais, em cima ou embaixo, mas sim pelo meio, pelo tecido;
  • Por fim, a criança deve higienizar as mãos novamente.

Pais, conheçam as regras da escola

Nos protocolos de retorno às aulas presenciais, cada escola adaptou as modificações para cada realidade – se há espaço suficiente para evitar aglomeração e quantos alunos podem ser comportados em cada sala de aula, por exemplo. É importante que os pais conheçam os protocolos de segurança adotados pela escola do filho e que ajudem na manutenção das mesmas regras em casa.

"Não podemos culpar as escolas por um aumento no número de casos quando vemos pais que ainda fazem churrascada, com aglomeração, e festas de aniversário. Tivemos um aumento no número de casos agora por causa de aglomerações no Natal, Ano Novo e praia. Para termos escolas seguras, precisamos ter pais muito adeptos", destaca o médico infectologista pediátrico.

Se as escolas optarem por criar "bolhas" de alunos – pequenos grupos de alunos que vão à escola no mesmo dia e que convivem entre si –, os pais podem usar a mesma "bolha" para que os filhos convivam com essas crianças em cenários fora da escola também, desde que todas as famílias respeitem as demais regras, como distanciamento, higienização adequada e uso das máscaras.

"Escolas com salas grandes podem ter uma bolha de 14 alunos, por exemplo. Mas, se forem salas menores, as bolhas devem ser proporcionais. Isso varia muito com o espaço físico da escola", lembra Horácio.

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Dicas

Além do uso correto das máscaras, da higienização adequada das mãos, e do distanciamento entre as crianças, outras orientações que podem auxiliar as famílias a terem um retorno mais seguro ao ambiente escolar são, de acordo com recomendações do infectologista pediátrico Victor Horácio e da Sociedade Brasileira de Pediatria:

  • Material da escola versus material de casa: na medida do possível, a criança deve deixar o material que ela usa na sala de aula, na escola; e o de casa deve ficar em casa, principalmente para as turmas de ensino infantil;
  • Sem troca de materiais: crianças maiores precisam levar tarefas e atividades para serem feitas em casa, mas deve-se tomar o cuidado de não haver troca de materiais entre as crianças;
  • Higiene das mãos: apesar de a medida ser comentada desde o início da pandemia, sempre é válido reforçar com os filhos como se dá uma higiene adequada das mãos. A SBP divulgou um passo a passo, com imagens ilustrativas, que vão desde umedecer as mãos antes de passar o sabão a fechar a torneira com uma toalha de papel;
  • Hora do lanche: no momento em que os alunos forem fazer as refeições, eles devem manter-se afastados. O ideal seriam alimentos embalados individualmente, que possam ser consumidos na sala de aula, sem precisar que as crianças se desloquem até o refeitório. Evitar o sistema self-service e evitar também os bebedouros – é melhor que a criança tenha sua própria garrafinha ou copo para água.
  • Atenção aos sintomas em casa: antes de ir para a escola, os pais devem aferir a temperatura dos filhos, bem como conferir quaisquer outros sintomas que eles possam vir a apresentar. Se houver alteração, comunicar a escola.